sexta-feira, fevereiro 12, 2010

6ª FEIRA NEGRA
Num tempo em que o que é imediato é que vale, sabe-me bem recordar a República e o Diário de Lisboa. O Século e o Diário Popular. Recordo o Urbano Carrasco e Cáceres Monteiro. Augusto Soromenho e Torquato da Luz.
Recordo um jornalista insigne que fui encontrar na Guiné-Bissau logo a seguir à independência deste país lusófono, refiro-me a Adelino Gomes, que agora só muito raramente encontro por aí.
Havia jornais que eram Bíblias. E jornalistas que eram tão credíveis como o Papa.
Havia jornalismo de informação e jornalismo de reportagem. Jornalismo político e de desporto. Percebia-se a diferença entre Novidades e o Diário Popular ou entre o Diário de Lisboa e o Diário da Manhã.
Hoje o repórter é um paparazzo. O pivot é advogado de acusação e juiz em causa de quem lhe paga. As grandes escolas de jornalismo estão a diluir-se e cada vez existe mais dificuldade em perceber o que se ouve ou se lê. As TVs são uma espécie de caixote de lixo da História. E os jornais tornaram-se presa dos grupos económicos. Neste contexto não saber ler parece estar a tornar-se uma vantagem.
Um Jornal torna-se arauto da desobediência civil perante o estado de direito e esgota as suas vendas. O Zé Povinho cheira a conversas ao telefone entre pessoas que não conhece, sobre assuntos de que nunca ouviu falar, mas como sabe ser calhandrice quer ler. Melhor seria se fosse uma conversa entre o Marco Paulo e a Ágata a falarem do Tóni Carreira. Mas há falta de melhor...
E ainda dizem que o Carnaval são três dias. Sugere-se um slogan para o Turismo de Portugal: “Visitem-nos! Portugal onde o Carnaval dura todo o ano”.

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