terça-feira, fevereiro 09, 2010

UM TEMPO
Escrevo hoje em jeito de homenagem ao Manel Machado e ao Lucílio Bruno. Pela amizade com que me honraram. Tão importante como saber ganhar dinheiro, ter capacidades para viver em família, cuidar da saúde prevenindo-a, é aprender a viver com o envelhecimento. Aqui há dias fiquei surpreendido quando me apercebi que até já pago taxa reduzida nos transportes públicos, porque entrei na terceira idade. Sinto-me feliz com isso embora nem sempre saiba viver este tempo que agora é tão meu.
Uma das minhas referências de um passado de que retenho memórias é o Café Aviz aonde comecei a ir desde pequenino pela mão do meu pai. Há hora de almoço era inevitável encontrar o Carlos Miranda, a Maria da Graça e a Mámi. O Sr. Acelino. O Joaquim Pinto. O Dr. Bonifácio. O Dr. Pires de Carvalho. O Sr. Fernando Neves a servir às mesas e o Zé Labiza ao balcão. E tantos ouros de saudosa memória.Quando já senhor de mim próprio passei a frequentar o Aviz já sem a mão protectora do meu pai, eram os fins-de-semana de manhã que mais me entusiasmavam. Ali nos juntávamos uns quantos para discutirmos política e futebol. Entrava porta adentro o Acácio Gentil fazendo-se ouvir histrionicamente com uns bons dias que a todos faziam sorrir. Lá dentro eu, o Lucílio Bruno, o Manel Machado, o Vítor Mamede e os outros que a vida foi separando, respondíamos com um sorriso e felizes porque a resposta àqueles bons dias permitiam recarregar baterias para um outro tema de discussão.
Aos fins-de-semana de manhã no Aviz, começaram nos finais da década de 80, início da década de 90 os preparativos que haveriam de levar à vitória eleitoral do PS em 1997.
Entro no Aviz e sinto a respiração dos meus mortos. De todos aqueles com quem fui construindo a minha vida ao longo dos tempos. Não tenho saudades desses tempos. Guardo-os dentro do meu coração tão vivos que nem dá para ter saudades.

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