sexta-feira, fevereiro 19, 2010

O REGRESSO DE FRANKENSTEIN
O putativo candidato do PSD ao lugar de 1º Ministro, Paulo Rangel, deu ontem uma extensa e elucidativa entrevista ao jornal “i”. Uma parte importante dessa entrevista é dedicada à educação. Penso que deveria ser obrigatório para os professores lerem (e em particular os do PSD) o que aquele senhor diz sobre essa matéria. Respingo algumas dessas afirmações:

- “Acho que houve um modelo de educação baseado na ideia de que o aluno é o centro da educação. Ora, eu penso que exactamente o contrário. Penso que a escola deve ser vista como um valor colectivo, é um centro de transmissão do saber, de transmissão geracional do saber. O que é fundamental na escola é exigência e rigor no ensino.”
- “Considero que é muito mais importante, por exemplo, o sistema de avaliação dos alunos e da qualidade do ensino do que o sistema de avaliação dos professores”.
- “Considero mais importante a questão da autoridade e da disciplina na escola que a carreira dos professores”.
- “Eu só vejo uma solução: a introdução de um ensino profissional mais cedo. Aos 12, 13, 14 as crianças podem estar a aprender uma profissão”.- “A terceira e quarta classe do Estado Novo eram ferramentas importantes de trabalho e de cultura, embora o fossem a um nível muito pobre. Os métodos eram horríveis e aquilo era detestável, mas muita gente sabe ler, e escrever e contar à conta disso E hoje nós temos alunos do 12º ano que não sabem interpretar um texto… Há uma coisa que é certa: as pessoas sabiam ler, escrever e contar. E hoje não é certo que os alunos que saem com o nono ano, hoje, ao menos saibam ler, escrever e contar”.
- “Sempre pensei vir a ser professor. Sempre fui atento, vivi o 25 de Abril intensamente, aos 10 anos sabia a composição dos governos de cor – enquanto os meus amigos as equipas de futebol. Estudei em colégios privados”.

Não vou comentar estas afirmações. Elas falam por si. Sinto dentro de mim um enorme vazio por em 2010 haver quem seja capaz de dizer estas coisas. Se este homem ganhar a luta pela presidência do PSD, vou sentir-me frio como se a Morte se tivesse apoderado de mim. Espero que os professores saibam no que se estão a meter.

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