quinta-feira, maio 20, 2010

COMPETÊNCIAS OU SABERES?
Numa notável entrevista que o Sociólogo António Barreto deu ao DN, diagnosticou o grande pecado da “Educação” no nosso País (e não só), na moda que a certa altura se instalou de apostar nas Competências em vez de fazer incidir como meta os Saberes.
Terá havido pressa e uma colagem a modas pedagógicas (segundo AB) que deram errado. Ler Camões, não pode ser o mesmo que ler um horário de comboios. Pretendeu-se que na sala de aulas professores e alunos são iguais. Que a sala de aula é um local de aprendizagem em vez de um local de ensino.
Isto faz-me recordar uma escola onde trabalhei e em que o Conselho Directivo (e presumo que também o Conselho Pedagógico), considerou colocar dicionários de Português em todas as salas de aula, excepto as de EVT (Educação Visual e Tecnológica) e de TO (Trabalhos Oficinais) porque os operários não precisam de saber ler e escrever.
Ao longo da minha vida académica passei por todas as fases possíveis e imagináveis.:
Desde uma Escola só para os ricos, a uma Escola em que todos são iguais. De uma Escola para todos a uma Escola para desenvolvidos e outra para atrasados. De turmas muito pequenas, para turmas de 40 alunos.
Em todas estas Escolas vi a sede de aprender e a recusa de aceitar ensinar porque dá muito trabalho. Vi jovens que eram autênticos heróis face ao meio donde provinham e das capacidades que denotavam e os valores que aprendiam e vi encarregados de educação que não mereciam os filhos que tinham.
Vi professores dedicados e vi agentes do Ministério da Educação que aguardavam sossegados em casa ou na Escola pelo dia de receber o vencimento. Vi inspectores autores de manuais a quererem que os professores os adoptassem e vi editores de manuais a fazerem-nos para facilitarem a vida aos professores, estando-se borrifando sobre se serviam ou não para ensinar saberes aos alunos.
Vi professores de Português a dizerem Poesia e a dividirem orações numa equação matemática do 1º grau e assim acharem as incógnitas e vi professores de Línguas a ajudarem-nos a resolver os exercícios de Física. É claro que isto era num tempo em que os professores não diziam, se é para fazer a acta é o professor de Português, se é para calcular as médias os professores de Matemática que o façam.
Não são difíceis de perceber as consequências de tantas experimentações pedagógicas falhadas. Temos o País que merecemos e a Escola que semeámos.

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