À GUISA DE EXPLICAÇÃO
Quando recebo no email pedidos para retransmitir apelos ou quejandos, apago e sigo em frente. Desta vez parei e li. E depois de muito pensar decidi publicar esta carta. Acho-a muito bem escrita. Não sei quem a escreveu (apesar de dizer de quem é), mas salvo um ou outro aspecto que considero demagógico, penso ser um documento que bate no essencial. Porque raio de razão se consideram os criminosos dignos de uma cadeia de solidariedade em nome dos direitos humanos e hão-de ser as suas vitimas que recebem o rótulo de hostis e prevaricadores.
Mas são os média os principais promotores desta inversão de valores. Que jornalistas estagiários se empenhem na notícia eu compreendo. Mas o Editor ou o chefe de redacção têm o dever de separar as águas. Ou então não se admirem que a seguir sejam eles próprios a notícia.
Assunto: Carta enviada de uma mãe para outra mãe no Porto, após um telejornal da RTP1
De mãe para mãe...
"Cara Senhora, vi o seu enérgico protesto diante das câmaras de televisão contra a transferência do seu filho, presidiário, das dependências da prisão de Custóias para outra dependência prisional em Lisboa. Vi-a a queixar-se da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que vai passar a ter para o visitar, bem como de outros inconvenientes decorrentes dessa mesma transferência. Vi também toda a cobertura que os jornalistas e repórteres deram a este facto, assim como vi que não só você, mas também outras mães na mesma situação, contam com o apoio de Comissões, Órgãos e Entidades de Defesa de Direitos Humanos, etc...
Eu também sou mãe e posso compreender o seu protesto. Quero com ele fazer coro, porque, como verá, também é enorme a distância que me separa do meu filho. A trabalhar e a ganhar pouco, tenho as mesmas dificuldades e despesas para o visitar. Com muito sacrifício, só o posso fazer aos domingos porque trabalho (inclusivé aos sábados) para auxiliar no sustento e educação do resto da família.
Se você ainda não percebeu, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou cruelmente num assalto a uma bomba de combustível, onde ele, meu filho, trabalhava durante a noite para pagar os estudos e ajudar a família. No próximo domingo, enquanto você estiver a abraçar e beijar o seu filho, eu estarei a visitar o meu e a depositar algumas flores na sua humilde campa, num cemitério dos arredores...
Ah! Já me ia esquecia: Pode ficar tranquila, que o Estado se encarregará de tirar parte do meu magro salário para custear o sustento do seu filho e, de novo, o colchão que ele queimou, pela segunda vez, na cadeia onde se encontrava a cumprir pena, por ser um criminoso. No cemitério, ou na minha casa, NUNCA apareceu nenhum representante dessas "Entidades" que tanto a confortam, para me dar uma só palavra de conforto ou indicar-me quais "os meus direitos"."
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