quarta-feira, outubro 13, 2010

O EDUARDO
Como habitualmente fui ao Supermercado ao fim da tarde de 6ª Feira com a minha mulher. Estava eu procurando um artigo numa prateleira sinto uma pancada num ombro. Olhei e vi o Chico Dias que me apontou para uma pessoa que estava com ele, interrogando-me sobre se eu o reconheceria. Após um primeiro olhar de descoberta disse para o Chico: - É o Eduardo! O Eduardo faz parte das minhas memórias de infância. É primo do Chico e do Manel e tendo a minha idade andou comigo na escola desde a 1ª à 4ª Classe. Depois disso foi para Moçambique com pouco mais de 10 anos e daí para a África do Sul. Neste espaço de tempo é a 2ª vez que o revejo. Mas nunca o esqueci por muitos motivos.
O Eduardo é daquelas pessoas que marca para toda a vida. Aluno excepcional. As suas capacidades cognitivas e a excelência do seu saber colocavam-no muito acima de todos nós. Mas isso tornava-o ainda mais próximo de todos. Era um amigo. Um companheiro de brincadeiras que nunca se zangava com ninguém. As poucas vezes que perdia nalgum jogo entre nós, cá para mim fazia-o de propósito. Desse tempo guardo uma foto da minha 3ª classe quando fomos alunos do professor Ribeirinho.

O Eduardo é o 2º da direita na fila dos ajoelhados

Em 1954 eu e ele fomos escolhidos pela D. Ivone Silva para representar as figuras de S. Pedro e S. Paulo numa réplica do brasão de Peniche, num cortejo de oferendas que foi organizado pela paróquia para angariar fundos, para o que mais tarde viria ser o Lar de Santa Maria. O Eduardo é o S. Paulo (o da proa)

A certa altura (em 1964) o Eduardo que ia acompanhando o meu percurso pelos primos, enviou-me de Moçambique o livro de Reinaldo Ferreira, “Poemas”, que constitui uma preciosidade visto que se encontra há muito esgotado. Para quem não é muito atento a estas coisas direi que Reinaldo Ferreira é filho do celebre Repórter X que tantos engulhos provocou à Censura Prévia, e é um dos poetas cantados por Amália.
Por tudo o que da infância nos ficou. Pelas memórias que o pouco tempo em comum não varreu. Pela admiração, respeito e amizade que têm permanecido para além das ausências, este post de hoje.

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