O NEGATIVISMO NA IMPRENSA
Existe hoje “uma onda” na imprensa portuguesa. O que for negativo e tétrico é que vende. Não sei onde os recém licenciados foram buscar esta ideia comercial. Ao definir como “A NOTÍCIA”, notícias de mortes, violações e assassinatos. Ao definir como vendável ao público a ideia de que colocar nos níveis mais baixos a prestação dos que nos representam, entrou-se num caminho sem retorno.
Não sei o que o Sindicato dos Jornalistas anda a fazer. Nem se esta é a atitude que é premiada no decorrer das licenciaturas em Jornalismo. Tenho dificuldade em perceber onde está a ética do profissional que depois de fazer uma entrevista, resume para o espectador as respostas que obteve desfiando as intenções subjacentes ao que o entrevistado disse, tornando contraditório o que ouvimos com o que o repórter nos está a dizer.
Eu sei que na maioria das vezes estes repórteres que só os acabamos por ver uma vez, são estagiários sem remuneração, que os média aproveitam para colmatar a falta de pessoal qualificado. Mas se eles assim realizam a sua actividade é porque ouviram dizer que a agressividade é que conta e que é pouco importante relatar a notícia tal como ela se deu. Importante é dar ao público o que ele quer ouvir. Se assim é, alguém anda a classificar o povo português por baixo e acha que não merece a pena contribuir para melhorar tal situação.
Eu sei que os principais responsáveis por esta “bagunçada” e pela falta de qualidade que vimos desenvolvendo, são os políticos oportunistas e “cangaceiros”. Ainda ontem ao ouvir e ver as comemorações do 5 de Outubro, pude reafirmar a falta de qualidade dos nossos jornalistas. Mais do que aquilo que aconteceu, o que não aconteceu foi quanto a mim notícia. Era importante saber as razões objectivas que levaram o líder do CDS/PP a não estar presente. Interrogá-lo sobre isso. Perguntar-lhe porque raio de razão achou que uma actividade que estava programada quase há um ano, não pode contar com a sua presença. A mesma pergunta seria de fazer ao rapazinho da JSD que agora é líder do PSD. Porque é que não esteve presente nas comemorações da República, se até pode a seguir estar presente na Inauguração do Centro Champalimaud. Será que são monárquicos? Têm o direito de ter as suas convicções políticas. Mas, têm de ser claros perante os eleitores e os portugueses em geral. Ou será que consideraram aquela cerimónia de carácter obsceno e se recusam a participar com aquela “gentalha” em cerimónias públicas?
Porque não interrogam os jornalistas que se querem responsáveis, os Srs. Francisco Louça e Jerónimo de Sousa sobre o êxito do Centro de Investigação para o Desenvolvimento, criado com o dinheiro de António Champalimaud e com a supervisão da Presidente do Conselho de Administração, a Drª Leonor Beleza.
E perceber porque foi possível realizar obra tão singular. Porque não dependeu de nenhum político e foi realizado sem travões jornalísticos de criação abjecta de factos.
A razão porque o jornalismo anda tanto por baixo merecia a pena ser esmiuçada. Mas se calhar isso não vende e não interessa aos nossos responsáveis.
Sem comentários:
Enviar um comentário