ULISSES
Neste momento de dor e penas para o meu país. Neste momento de angústia para os que aqui vivemos. Neste momento em que Pessoa, Amália e Camões fazem mais sentido do que nunca. Neste momento em que tudo parece perdido e nós também.
Recorrem uns ao Mistério e ao Divino. Outros às pequenas últimas forças que estão lá onde já não esperávamos. Outros ainda ao imaginário em que se situam e de onde partem para novos sonhos em busca de um lugar que sabem ser seu.
É então que surge a Mensagem e com ela Ulisses. Não há mares inavegáveis para quem faz do futuro o seu objectivo. Em Pessoa encontro-me e reconforto-me.
O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo –
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
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