O MEU CANÁRIOO meu canário tinha nome de pessoa. O meu canário não era meu. O meu canário foi-me legado por uma família muito querida quando teve de rumar para outras paragens em busca de outro rumo para a sua vida.
O meu canário cantava por ciclos. Tinha períodos em que durante um ano só piava. Tinha outros anos que cantava que se desunhava que era um regalo ouvi-lo. O meu canário morreu na antevéspera deste Natal.
E garanto-vos que sentimos aqui em casa a falta dele. Do seu cantar. Este ano (talvez para combater esta vil tristeza que todos sentimos), dizia eu, este ano estava em fase de cantar. E eu dizia: “-Nita, o nosso amigo ao menos não percebe os telejornais e está contente.”
Sinto a falta do meu canário. Foram muitos anos na sua companhia. E a menos que o substitua, (e isso vai acabar por acontecer) a sua falta continua a marcar o espaço que já era seu. O meu canário esteve mais anos na gaiola (8) que certos assassinos e ladrões de Bancos em Portugal. Sempre quero estar vivo para ver quantos anos apanha o tal Oliveira Costa que se abotoou a 7 mil milhões de euros que eram de nós todos.
Por tudo tenho pena do meu canário. Viveu tantos anos enclausurado sempre a cantar e morre na antevéspera de Natal. Antes ser bandido neste meu país.
1 comentário:
Zé Maria,
As tuas crónicas são deliciosas...é sempre com muito prazer que as leio. Já pensaste em publicá-las num livro?
Um abraço, Belmira
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