DIAS NEGROS
Se dúvidas existissem o que ontem foi anunciado para os próximos 3/5 anos foi o anúncio definitivo do fim da classe política portuguesa e com ela o fim de múltiplos sonhos e ilusões. Não que subsistissem muitas. Mas a gente acredita que pode ser melhor do que dizem. Não sei se poderia ser diferente do que foi anunciado. Mas acredito que tudo isto foi negociado entre os 4 maiores partidos políticos, embora tenha sido deixada ao PS um certo grau de liberdade para fingir que não mas sim.
Seria bom que a nossa memória pudesse reter a admirável simbiose entre Bede Durbidge e os tubos de mar que trouxeram milhares e milhares de Forasteiros de todo o Mundo a Peniche. Mas o que fica, só que ainda muitos de entre nós não deram por isso, é o anúncio de um regresso aos anos 60 com as insuficiências para muitos, alguma escapatória para uns quantos e uma farta vida de sucessos para muito poucos.
Aquilo que pais e avós tentaram esconder dos seus filhos e netos, sobre uma vida em que um par de sapatos era um presente de sonho, em que uma ida ao médico representava uma pedrada no charco, em que frequentar a escola era uma bênção, parece regressado dos confins dos tempos em que tinha sido enterrado.
Longe vão os tempos da euforia que representava ir ao banco buscar dinheiro para passar férias em S. Martinho do Porto, ou oferecer uma festa de Natal magnificente a amigos e familiares, desde logo com prendas de passagem do final de ano na Madeira.
Resta entregar as casas aos bancos e recorrer à habitação social da Câmara. Esquecer as mobílias adquiridas a crédito e o carro que já foi devolvido. Somos de novo filhos da miséria congénita em que este país sempre se debateu. Somos filhos da desgraça e se de vez em quando parecemos mais felizes, é só sinal do mau tempo que se avizinha.
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