terça-feira, junho 04, 2013

ATADORES E ATADEIRAS

Somos (os penicheiros) miseravelmente pequeninos. Submergidos numa ilhota não conseguimos deitar a vista para além dos clubes em que nos inserimos por esta ou por aquela razão. E no entanto teríamos razões para podermos rasgar horizontes com o nosso olhar. Este Atlântico que nos envolve foi ponto de partida para sonhos e Novos Mundos. Deixámos um rasto assinalável pelas quatro partidas do mundo.

Mas o Salazar, a clandestinidade e o espírito de “clubite” tornou-nos imunes ao desafio de nos reconhecermos como fonte de cultura e de saber. Por isso os que se separam de nós à procura de novos horizontes têm dificuldade em voltar para contribuir num desenvolvimento sustentável deste concelho “minorca”.
E direis vós o que é que “atadores e atadeiras” têm a ver com este amargo carpir?
Ao que sei, por iniciativa de uma Junta de Freguesia, (lá vem outra vez a capelinha) foi descerrada uma placa comemorativa do trabalho destes homens e mulheres que em tempos foram um dos sustentáculos da nossa indústria da pesca. E a dita placa foi descerrada no decorrer das comemorações do “Dia do Pescador”.
Tanto quanto sou capaz de perceber as coisas, esta homenagem deveria ter sido de toda a Cidade. E que melhor representação disto mesmo que, por proposta da dita Freguesia, as forças representativas da Pesca em Geral, terem escolhido esta profissão como digna da Honra de ter sido escolhida como marca da Cidade.
Primeiro porque foi durante de muitos anos uma economia de subsistência das famílias ligadas ao mar. Em segundo lugar como representativa de um labor e destreza manual verdadeiramente invulgar no domínio da psicomotricidade. A par das Rendas de Bilros, atar, reparar, construir e executar redes, é uma arte. Homens e mulheres agarravam-se ao seu labor para permitir que os barcos pudessem voltar para a faina, se por acidente ou má fortuna algum talhão se rompia. Uma rede de pesca era uma pequena fortuna e quantos milhares de escudos não foram ganhos ou poupados por estes artistas da arte das redes.

Mereciam estes homens e mulheres terem sido homenageados de forma mais brilhante e digna. De uma forma que envolvesse todas as forças vivas institucionais ligadas à indústria da pesca. Quase que podemos dizer que ganharam as “capelinhas” e perdeu Peniche que continua devedor perante estes trabalhadores do mar.
Só estranho e que o PCP que “tanto canta de galo” quando se afirma como o representante máximo da luta dos trabalhadores, deixasse passar em claro esta gaffe monumental.
PS: ilustro este post com fotos de atadores e atadeiras. São fotos que circulam pela net e que não consigo determinar o autor. Fica o registo com os meus mais sinceros pedidos de desculpa aos autores pela falha na identificação.

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