quinta-feira, junho 27, 2013

“OS FANTASMAS DE ROVUMA”
Um livro é um tecto. É um porto de abrigo. É uma ponte entre o sítio em que estou e o que desperta o meu interesse, o meu entusiasmo. Cheguei ao “OS FANTASMAS DE ROVUMA” pela mão da minha mulher. Foi a minha Anita que me deu a conhecer pelas suas descrições a Patrícia. Segundo ela me diz a Patrícia é uma força da Natureza. Ela conseguiu conquistar o entusiasmo dos meninos que fazem ginástica na Associação. E a minha mulher quando a descreve, entusiasma-se com a sua alegria e calor humano. Depois disse-me que a Patrícia vivia em Peniche e que era casada com um jovem jornalista com obra publicada.

O Google levou-me a Ricardo Marques o marido de Patrícia e aos seus livros. Este que dá o título a este post de hoje que ando a ler, e a outros 2 que infelizmente se encontram esgotados. “ASSIM MATAM OS PORTUGUESES” e “MOÇAMBIQUE – REGRESSO DOS SOLDADOS”.
Por razões que se prendem com a minha sensibilidade prendeu-se a minha curiosidade na epopeia africana dos soldados portugueses nas campanhas de África durante a I Guerra Mundial e num dos livros esgotados, mais propriamente em “Moçambique – Regresso dos Soldados”.
Os bons ofícios da Anita e a disponibilidade do autor permitiram-me ler este último. RETORNAR foi a palavra que mais me ocorreu ao lê-lo. Retrata uma viagem de ex-militares portugueses que lutaram em nome de coisa nenhuma, na guerra colonial naquela frente de batalha.

É uma visão comovente e dolorosa de quem olha para uma terra que ficou marcada nos seus corações, tentando encontrar as razões de tanto amor por aquele recanto de África, e da dor que sentiram quando lutaram, e agora que regressaram.
Era corrente designar por retornados os portugueses que como consequência da Guerra e da Independência das colónias, regressaram a Portugal. Também estes ex-militares que 30 anos depois de terem sido conduzidos a uma luta que nem eles sabem bem se alguma vez compreenderam, quiseram retornar aos locais em que o medo, o sangue, a morte e também as recordações lhes ditaram o futuro. Foram enfrentar o seu passado para poder viver o presente e projectarem-se num futuro que desejam de paz.
Aquelas cidades com outros nomes, aquelas picadas marcadas pelas minas, aquelas noites onde sentiram a ausência dos seus hábitos e entes queridos, precisavam de ser revistos num tempo em que antigos amigos, poderiam ser compartilhados sem o peso de uma arma que nunca lhes pertenceu.
“Moçambique – Regresso dos Soldados” é uma história feita de pequenas histórias que marcam o tempo de hoje num país (povo) que quer ver florescer o seu futuro.
É uma outra visão do que foram as Guerras coloniais num tempo que não sendo tão longínquo assim, já parece ter acontecido numa época que não nos pertenceu. E no entanto todos nós somos consequência desse tempo. Ao Ricardo Marques ficamos gratos por nos reavivar memórias que talvez nos permitam sermos melhores portugueses.

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