quarta-feira, maio 18, 2016


MULHER DA VIDA

“As línguas, meus caros, são umas bastardas.

Reparem: o português julga que vem do latim, essa língua imperial, mas nem sempre se lembra que o latim era outro: não o latim dos intelectuais romanos, mas a língua do padeiro. E do ferreiro. E da mulher da vida. E do soldado.”


Respinguei do Blog “Certas Palavras” do estudioso da Língua Portuguesa Marco Neves este pedaço de escrita.

Curto ler o Marco porque ele não puxa galões para si próprio. Não é rebuscado nem “doutoral”. E o que diz cai como bombas na minha cabeça deixando-me atordoado. Se me fosse possível recomendaria aos que me acompanham a leitura deste Blog porque encontram encantos nesta pátria que é a nossa língua, motivos suficientes para se sentirem felizes com o que dizemos e ouvimos.

 

À frente. Vem isto a propósito da expressão que ele utiliza para definir “prostituta”, que designa por “mulher da vida”. Presumo que no contexto em que a expressão surge a referência seria a de “mulher de má vida”: Embora que também aqui seja uma expressão muito pouco real. Até correm várias histórias no anedotário nacional sobre aquela expressão.

Agora “mulher da vida” era a minha mãe que foi formadora na área de costurar da tua avó, meu caro Marco. A minha mãe esforçou-se e trabalhou que nem uma danadinha para dar expressão de dignidade à educação dos seus filhos. Mulher da vida foi a minha avó. Uma autêntica força da natureza. Mulheres da vida serão tantas e tentas que em terras de mar ou de campo, nas cidades ou nas aldeias construíram mundos de Amor. Eu que sou um apaixonado pela tua avó Leonor há muitos e muitos anos, não posso senão discordar do contexto em que a expressão mulher da vida é utilizada.

Em tudo o resto, bem hajas caro Marco por existires. Por seres de Peniche. Por seres filho e neto de quem és. Por teres as mulheres que tens na tua vida. E já agora os homens que tens, já que é sabido que atrás de uma grande mulher está sempre um grande homem.

 

 

1 comentário:

Unknown disse...

Ah, percebo o que quer dizer... Se um dia voltar a publicar o texto noutro formato, hei-de fazer a correcção.

E muito, muito obrigado pelas suas palavras e pela referência a essas duas mulheres da minha vida. Foi uma felicidade ler este artigo. Um grande abraço!