JARDINS DE INFÂNCIA DE PENICHE
Sem apoios autárquicos ou estatais, sem apoios pedagógicos acrescidos e sem custos acrescidos para os pais e o ambiente, lá vão os meninos e meninas sendo distribuídos pelas creches e jardins-de-infância de Peniche.
Sem rede de transportes e sem aumentos de custos para ao pais, vão funcionando com as Educadoras-Mestras da vida.
As Cabeleireiras, a Maria Mechas, as Trapolhas e a Joaninha Melo foram precursoras de um ensino individualizado e personalizado eficaz e profundamente enraizado num projecto educativo reconhecido pelos seus utilizadores.Aprendia-se a fazer renda de bilros e a escrever na “pedra” com a “pena” que se levavam numa mala de serapilheira. Tudo ecológico. Tudo amigo do ambiente. O Sr. Prior passava de vez em quando por todos estes estabelecimentos de ensino e era uma festa vê-lo, porque ensinava novas cantigas e a catequese tinha nessa altura uma componente sociabilizante que se perdeu de todo.
Tudo isto foi há 60 anos e Peniche era uma terra em que todos nos conhecíamos. Era o tempo em que o “charro” era a 2 tostões o par e em que a “chaputa” era só utilizada no guano.
Era o tempo em que o Ricardo Costa e o António Bento, o Zé Ferreira e o Tormenta fiavam e depois recebiam em troca as rendas tecidas pelas mulheres de Peniche.
As fábricas de peixe chamavam as mulheres que tudo largavam enquanto os maridos regressavam das fainas, descansavam umas horitas até o “velho-de-terra” os chamar de novo.
E os meninos na escola cantavam e aprendiam “Heróis do Mar/nação valente…”.
1 comentário:
Bons tempos esses Professor José Maria, em que os miúdos iam para todo o lado sem preocupações para os pais.Jogava-se na rua à bola, ao pião, ao parado e até à pedrada, havia poucos carros,eram mais os de rodas de cortiça,Peniche era pequeno,Vila Maria era muito longe, lá para os lados dos Remédios, eram só fazendas ao lado da estrada. Tempos felizes mas muito difíceis quando chegava o inverno se não fosse o tal "charro salgado" e a sopinha da cantina da escola para alguns não sei como teria sido, mas mesmo assim tenho saudades desse tempo. Peço as minhas desculpas pela minha intromissão no seu blog, mas achei muito bom este seu artigo.
Jacinto Borges.
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