quinta-feira, março 17, 2011

O JAPÃO E PENICHE

Não conheço ninguém que não se sinta perturbado com o que aconteceu no Japão nos últimos oito dias. Um terramoto com uma amplitude invulgar, seguido de um tsunami com uma impressionante capacidade de destruição e a isso tudo soma-se uma crise nuclear com as suas centrais à beira da ruptura, tornaram o Japão com a 2ª ou 3ª maior economia mundial, um país à beira do colapso.
O que a 2ª Guerra Mundial não conseguiu está prestes a conseguir um fenómeno natural. Quando vejo o drama que se abate sobre aquela poderosíssima nação, sinto a fragilidade da condição humana e a futilidade da grande maioria das questões em que nos envolvemos. Mas não é aqui que me surgiu a ideia de comparação daquele país asiático com este singular concelho em que vivemos e mais propriamente com esta cidade perdida num rincão de terra junto ao atlântico.
O que me fez juntar o Japão e a Cidade de Peniche, foi esta também estar situada na zona da falha que deu origem ao terramoto de 1755. Liguei este facto a uma notícia que há poucos dias surgiu na imprensa local sobre um trabalho de doutoramento de alguém na área do urbanismo que pensou a requalificação da zona do Visconde. Trabalho esse que mereceu os maiores elogios e uma classificação excelente.
O que me perturba é que requalificação salva aquela gente perante um mero incêndio. Fazem-se tantos ensaios e tantos exercícios perante uma situação dessas e o Visconde seria um laboratório excelente para exercitar os mais experientes e melhores dos nossos bombeiros nacionais.
Quando o Japão que tinha tudo (?) previsto em caso de sismos foi impotente desta vez, o que acontecerá aquele Bairro perante uma situação de desabamento? È algo que não se deve sequer imaginar mas que os responsáveis têm a obrigação de pensar. Quantos de nós já foram ao Visconde num dia de mau tempo e sentiram o mar a rugir debaixo daquelas massas rochosas e a bater como se se tratasse de roncos de terras a abater?
Eu adoro trabalhos de requalificação que consideram prioritária a salvaguarda da vida humana. E ali tudo está em causa.

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