A GRATIDÃO É VOLÁTIL
Quando num destes dias foi anunciado que as BERLENGAS foram declaradas Reserva Mundial da Biosfera pela Unesco passaram por mim mil imagens desta passagem que tenho feito pelo planeta Terra. Mais se acentuaram essas memórias quando vi tentar colar essa declaração aos créditos de uma determinada acção executiva no poder local. Recordei as Berlengas dos meus 10/15 anos e da defesa intransigente da ilha que nessa altura sem apoios, sem ecologistas, sem verdes, sem tretas, os pescadores e outros (poucos) iam desenvolvendo para evitar a sua deterioração.
Recordo o livro do Arquitecto Varela Aldemira que nos trouxe a todos os apaixonados da ilha a leitura assombrosa de uma Berlenga só imaginada.
Recordo após o 25 de Abril quando um grupo de oportunistas tentou construir um conjunto de casas na Berlenga Grande e a Comissão Administrativa da Câmara Municipal com a presidência do Carlos Mota, decidiu embargar esses clandestinos e com o pessoal da Câmara demoliu e impediu qualquer edificação a mais na ilha.
Recordo a marcha sobre o Moinho Velho em Ferrel a 15 de Março de 1976 http://www.youtube.com/watch?v=2O1xO-PqIMk&feature=related
ainda com o Carlos Mota como Presidente da Comissão Administrativa que impediu a construção de uma central Nuclear a 2 passos do paraíso das Berlengas.
Se alguma coisa há para festejar nesta declaração da Unesco está a defesa intransigente deste património belíssimo muito antes da sua candidatura e num tempo em que teria sido fácil fazer deixar andar as coisas. As Berlengas que herdámos só existem porque houve que há muitos anos se preocupasse com utilizações indevidas. Quando o faziam por intuição e fruição e não por ganharem dinheiro para fazer um trabalho que o tempo dirá dos méritos que merece.
Na hora de agradecer a preservação das Berlengas convém não apagar os méritos de quem os tem. Sob pena de a ingratidão demonstrada, passar a cheirar a veneno.
1 comentário:
ai,ai... tanta nostalgia do MDP/CDE que por aqui anda.
tão "democráticos" e "populares" que eles eram todos.
afinal, como alguém alertava na altura, era tudo fachada.
meteram as convicções "na gaveta" e foram trata da vida.
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