sexta-feira, julho 01, 2011

CAMINHAR PARA ONDE?
Vou regressar a Peniche. A frota desapareceu quase por completo. De fábricas de conservas, estamos conversados. A maioria desapareceu para dar lugar a projectos imobiliários. As Berlengas tornaram-se um feudo como na Idade Média a pretexto de que seria para a sua salvaguarda.
Temos a grosso modo 3 grandes unidades conserveiras e/ou de transformação de pescado. Uns estaleiros navais em crescimento (pelo menos julgo que sim). Uma grande unidade agrícola. Uma indústria de transformação de produtos plásticos. Se calhar estou a ser parco naquilo de que me recordo e que tenha uma dimensão acima da média local. O resto resume-se a Turismo mais ou menos incipiente.
Fizeram-se uns quantos estudos para o Desenvolvimento Estratégico de Peniche que redundaram todos em lixo. Não fazemos parte de nenhum eixo de desenvolvimento económico nacional, regional ou local. Somos peritos em estudos, convenções e parcerias para o Virtual.
Enquanto o país mergulha de cabeça na recessão, nós aqui em Peniche, orgulhosamente sós, vamos oscilando entre sonhos de grandeza e a Corrida das Fogueiras. Somos um encanto de hospitalidade. Vamos vivendo o revivalismo das Rendas de Bilros de extinta memória e os Sabores do Mar. Cantamos com os Carreiras na Festa da Boa Viagem e emprestamos as ondas que deveriam trazer Peixe às pranchas que as percorrem.
Peniche ergue a cabeça da areia para as Feiras, Festas e Romarias e em vez de acordar da sua letargia, prepara-se para cantar o Fado da desgraçadinha.
Podemos pensar que “Há petróleo na Fonte Boa”. No entanto já nem forças temos para plantar uma alface num vaso lá de casa.
Não percebemos ainda que os apoios comunitários desapareceram consumidos nas viagens para Bruxelas, mesmo as que se fazem em Classe Económica. Se nestes últimos 6 anos tivéssemos recuperado 5 casas do Bairro do Calvário por anos, 30 já estariam recuperadas e nem se tinha dado por isso.
O que aconteceu ao País vai acontecer a Peniche. Ao País exigem-se medidas de contenção para pagar as suas dividas. Temos de pensar em vender a Praia de Peniche de Cima aos privados para poder liquidar o que executivos sucessivos foram acumulando em dívidas.
Resta-nos tornar Peniche um imenso bloco de “chambres”, para quem cá vier molhar os pezinhos.
Haja Deus.

1 comentário:

Bento Gonçalves disse...

e ontem aquela noticia das Berlengas serem Reserva da Biosfera da UNESCO...que gaita!
com o trabalho em prol da Berlenga que os anteriores executivos fizeram...