quinta-feira, julho 28, 2011

TEMPO DE CRISE: TEMPO DE PEDINCHICE E DE CARIDADE FARISIACA
Nos anos 40/50 (contava-se em casa da minha avó) alguns comerciantes enriqueceram de forma abusiva. Ou os almudes de azeite tinham fundos falsos, ou a troco de uma quarta de açúcar as mulheres trabalhavam dias a desafio para entregar as rendas que elaboravam aos comerciantes para descontar, nunca se libertando das dívidas que acumulavam.
Agora não mudou muita coisa. Uma renda de bilros que se venda por 500€ é paga à rendilheira por 50€. E se parecer que é absurda a troca comercial, acrescenta-se uma esmola em produtos alimentares para não dar tanto nas vistas.
Há quem vá de táxi receber os alimentos que pede para iludir uma falsa carência. Acredito que existam necessitados. Mas não se expõem a uma visibilidade que os humilha. Acredito que haja quem se dedique a dar apoio com sentido fraterno. Mas esses não fazem do acto de dar um panfleto publicitário das suas boas acções.
Quem dá por amor refugia-se na solidão do seu coração. Quem recebe por necessidade, chora lágrimas pesadas e solitárias pela sua impotência para adquirir o que necessita para si e para os seus.
Amor não rima nem com crise, nem com dar o que não lhe pertence e ser visto a praticar o "bem".

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