OS FOGUETES
Hoje de manhã (domingo), mal me tinha levantado, ouvi o som de uns quantos (poucos) foguetes. Perguntando aqui, ali e acolá, vim a saber que se tratava da comemoração do Dia do Pescador que se realiza no Domingo seguinte a 31 de Maio, quando esta data não coincide com aquele dia de semana.
Dei por mim a interrogar-me sobre o torpor que invadiu a minha terra. A 1ª vez que tal invento se realizou estava eu na Câmara Municipal como Vereador. Recordo como se fosse hoje as exigências do “partido dos trabalhadores” em relação à dignidade, pompa e circunstância com que tal efeméride haveria de se comemorar. Hoje, nem uma tarjeta ou um folheto se vê distribuída em Peniche sobre tal efeméride, o seu programa e conteúdo.
E no entanto o executivo camarário é formado pelos tais exigentes camaradas que se arrogavam ao direito de falar em nome dos Pescadores.
Hoje haveria todas as razões para fomentar um grande debate local, regional e nacional sobre o regresso ao Mar. Fonte de riqueza votada ao abandono. Um debate que dê frutos, que vivifique. Este retorno ao Mar é fundamental, pois tal como diz Medina Carreira, não se sai da crise que atravessamos sem reindustralizar o país. É preciso que este Porto de Peniche se torne de novo uma grande fonte de riqueza. Os responsáveis pelo abate dos barcos, pela cessação das indústrias conserveiras ainda aqui estão no país. Chamem os bois pelos nomes e tornem a desenhar um novo figurino para este concelho, onde têm lugar os desportos radicais, a produção da energia das ondas, o turismo e as indústrias da pesca.
O Dia do Pescador merece ser tratado como um projecto de que Peniche se possa vir a orgulhar. Quero o cheiro do peixe a invadir as nossas ruas. Quero o nosso porto de pesca com gente que se faz ao Mar, para a ele aportar com os convés plenos de riqueza. Celebre-se o Dia do Pescador como um advir e não como as solenes exéquias de uma actividade ferida de morte. Ou não se celebre mais.
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