Longe vão os tempos em que com os meus pais ia visitar o meu irmão ao Nuno Álvares e lá estavas tu. Habituei-me a ti em Lisboa eu no IIL e tu no ICL. Recordo-te bancário tentando (e conseguindo) dar sempre a imagem da pessoa de honestidade irrepreensível, mais disposto a perder um amigo (?) que a sua probidade profissional e pessoal.
Toda a
vida tentaste ser um filho do teu pai. Que quando te vissem nunca ninguém
dissesse que punhas em causa o seu prestigio e honestidade.
Adoravas
fado tal como ele. E veneravas quando o ouvias cantar. Sempre que te queria
animar oferecia-te a música do João Braga, ou da Maria da Fé. Saíamos aqui de
Peniche para ir ver o teu sporting e acabávamos a noite no Solar da Madragoa ou
mais recentemente no Luso ou no Faia.
Recordo
a tua relutância em te reformares, por considerares que depois de tantos anos
de dedicação sem limites ao teu Banco, te tratavam como elemento descartável.
Recordo os almoços e os jantares no Vila Maria ou em casa do Tonha. Recordo a
tua breve e frustrante passagem pela vida política para onde tive grandes
responsabilidades em te atirar, sem que alguma vez te zangasses comigo por eu
depois ter desertado.
Estou a escrever esta minha despedida emocionada de ti enquanto ouço um CD em que reuni Maria Teresa de Noronha, Fernando Maurício, Lucília do Carmo e César Morgado. Ouço com emoção a Igreja de Santo Estevão e recordo outra vez as longas horas que passámos conversando de coisas que só dois amigos tolerariam. Sem nunca te zangares comigo. Sem nunca me zangar contigo. Recordo
a amizade que sempre dedicaste aos meus filhos. E à Anita. Recordo o muito que
vivemos. E a falta que me vais fazer. Foste mais que um companheiro e um amigo.
Foste a presença sempre constante quando
mais precisei de ti. Até já.
2 comentários:
Bonitas palavras Zé Maria.
Condolências á familia.
F.Borges
Grande Zé Maria!!!
Há alguns dias que estou a tentar fazer algum comentário a este fabuloso texto... mas faltam-me as palavras...
Que brilhante homenagem!!!
Já hoje tive oportunidade de dizer a outro amigo, que o meu pai tinha muitos amigos, mas apenas alguns eram de facto considerados por ele como Amigos com o "A" grande. O Zé Maria era, e vai continuar a ser, de facto (que se lixe o acordo ortográfico) um deles.
Um grande abraço Zé Maria.
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