segunda-feira, outubro 14, 2013

Ó POITO O “PICHA-PRETA”!

Já não jogamos ao “poito”. Nem ao “rami”. Nem ao “Não-te-irrites”. Longe vão os tempos em que te aguardei em Mafra estava eu já no 2º ciclo, para te ajudar na tua integração militar.
Longe vão os tempos em que com os meus pais ia visitar o meu irmão ao Nuno Álvares e lá estavas tu. Habituei-me a ti em Lisboa eu no IIL e tu no ICL. Recordo-te bancário tentando (e conseguindo) dar sempre a imagem da pessoa de honestidade irrepreensível, mais disposto a perder um amigo (?) que a sua probidade profissional e pessoal.

Toda a vida tentaste ser um filho do teu pai. Que quando te vissem nunca ninguém dissesse que punhas em causa o seu prestigio e honestidade.
Adoravas fado tal como ele. E veneravas quando o ouvias cantar. Sempre que te queria animar oferecia-te a música do João Braga, ou da Maria da Fé. Saíamos aqui de Peniche para ir ver o teu sporting e acabávamos a noite no Solar da Madragoa ou mais recentemente no Luso ou no Faia.

Recordo a tua relutância em te reformares, por considerares que depois de tantos anos de dedicação sem limites ao teu Banco, te tratavam como elemento descartável. Recordo os almoços e os jantares no Vila Maria ou em casa do Tonha. Recordo a tua breve e frustrante passagem pela vida política para onde tive grandes responsabilidades em te atirar, sem que alguma vez te zangasses comigo por eu depois ter desertado.

Estou a escrever esta minha despedida emocionada de ti enquanto ouço um CD em que reuni Maria Teresa de Noronha, Fernando Maurício, Lucília do Carmo e César Morgado. Ouço com emoção a Igreja de Santo Estevão e recordo outra vez as longas horas que passámos conversando de coisas que só dois amigos tolerariam. Sem nunca te zangares comigo. Sem nunca me zangar contigo. Recordo a amizade que sempre dedicaste aos meus filhos. E à Anita. Recordo o muito que vivemos. E a falta que me vais fazer. Foste mais que um companheiro e um amigo. Foste a presença sempre constante  quando mais precisei de ti. Até já.

2 comentários:

Unknown disse...

Bonitas palavras Zé Maria.
Condolências á familia.
F.Borges

Unknown disse...

Grande Zé Maria!!!

Há alguns dias que estou a tentar fazer algum comentário a este fabuloso texto... mas faltam-me as palavras...

Que brilhante homenagem!!!

Já hoje tive oportunidade de dizer a outro amigo, que o meu pai tinha muitos amigos, mas apenas alguns eram de facto considerados por ele como Amigos com o "A" grande. O Zé Maria era, e vai continuar a ser, de facto (que se lixe o acordo ortográfico) um deles.

Um grande abraço Zé Maria.