quarta-feira, março 02, 2016


FRUIR OS DIAS

É uma habilidade que só se compreende bem ou em circunstâncias muito penosas, ou em momentos de exaltação de felicidade. Por vezes somos apanhados distraídos. Ou adormecidos. Ou em estado pré catatónico e não sentimos quanto aquele momento pode ser único na nossa vida.

Inúmeros filósofos e pintores e músicos mulheres ou homens extraordinários passam por nós e não damos por eles. Mas lá vem o dia em que os redescobrimos e ficamos perplexos com a nossa distracção.

Quantas vezes não nos cruzamos com pessoas de ar sisudo e fechado? Assusta olhar para elas porque somos levados a crer que o mundo do Velho Testamento retomou o seu lugar de ódio e ira. São pessoas que nos assustam porque delas só transparece ódio.

Percebemos então porque sofrem as crianças. Porque se torna difícil a um casal superar as suas desconfianças e diferenças.

Hoje (e cada vez mais) é complicado perguntar a um amigo (ou amiga) pela mulher (ou pelo seu homem). “Já não estamos” é a resposta invariável. E isto nem sequer tem a ver com idades. Tem a ver com o egoísmo de querer sentir vontade de não partilhar o que cada um entende a melhor maneira de se sentir bem.

Cada um por si tornou-se a regra de ouro. Até percebermos que fomos cremados já há muito tempo, embora caminhemos.

 

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