sexta-feira, outubro 20, 2017


SANGUE, MUITO SANGUE!

Jornais e jornalistas têm orgasmos sucessivos com notícias de mortes, demissões nos governos, erros dos ministros, corrupção que atinge os que se tornaram visíveis. As televisões parecem praticar a masturbação por notícias infames e nojentas. Com mortes à mistura. Com fogos. Com acidentes. E não, não é só o “Correio da Manhã” no seu melhor. São os telejornais, é o “Expresso” ao fim de semana. São as revistas de fofocas. E agora quando se tem que chupar o sangue fresco da manada, existem as redes sociais no dia para os jornais online.

Com quem é que o “meu povo” aprendeu a ser sanguinário? Com quem é que “o meu povo” aprendeu as diatribes e as ordinarices que se leem nas redes sociais?

Eu por mim, nesta recta final da minha vida prefiro usar o comando e afastar de mim os demónios que tentam invadir a minha casa. Não se ouvem telejornais à hora das refeições. Jornais é o “Diário de Notícias” que me parece ser o mais comedido, informativo e formativo na sua diversidade, de entre todos os jornais generalistas.

Esta cultura de ser necessário sangue para noticiar, na perspectivas de que quem mais sangue fizer mais vende, tornou-se já uma escola para quem pretende abraçar a comunicação social como profissão. E é ver os atropelos dos estagiários, sem quaisquer cuidados a atropelarem os acontecimentos e as pessoas a eles afectas sem cuidar da verdade dos factos. É exemplar o caso de uma jornalista com muitos anos de profissão a noticiar com um cadáver junto a si. A mesma jornalista que quando a tragédia a atingiu exigiu respeito por si própria.

Já não são os programas da Teresa que são obscenos. São os programas de entretenimento que se tornaram porcos e desinformativos. E é ver o ódio que se espelha nos programas sobre futebol. Uma actividade que começou por ser uma forma cultural de manter a sanidade física e mental, por culpa dos seus dirigentes e assessores passou a ser uma fábrica de ódio e de maldade. Como se não tivéssemos já suficiente mal em tudo o resto. Provocar o ódio, fomentar a violência, ensinar o gosto pelas práticas vampirescas, distribuir a mentira e o horror pelos leitores e telespectadores, tornou-se a prática corrente, por se acreditar que é isso que vende.

Então a porcaria de que estou a falar tem origem na economia do mercado e no deve/haver? Não. Perentoriamente não. Tem origem e alimenta-se da falta de formação cívica e da ausência de valores que grassam pela indústria dos média.     

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