O Prémio Nobel da Literatura de 1998, José Saramago, concedeu ontem 15 de Julho de 2007, uma notável (e polémica) entrevista ao Jornal Diário de Noticias, conduzida por João Céu e Silva. Uma das questões que lhe é colocada é sobre o 25 de Abril. A resposta é surpreendente e não resisto a transportá-la para aqui. Ainda voltarei a este assunto, mas por agora deixo-vos com o emérito escritor.
Diário de Noticias – Tudo muda?
José Saramago – A revolução foi o que foi, com os seus erros e disparates, mas também as suas grandes conquistas e, principalmente, as suas grandes ilusões.
Enorme ilusão que alimentaram uma parte substancial dos portugueses, mas isso é passado. É tão passado que já não comemoro o 25 de Abril, sentir-me-ia um irresponsável ao celebrar qualquer coisa de que não possa ver nenhum sinal, porque tudo o que me trouxe desapareceu. Não me digam que é porque temos a democracia, em primeiro lugar porque a acho bastante discutível e penso que haveria que a discutir muito seriamente porque é uma espécie de paradigma ou de uma santa no altar em que não se pode tocar. Por outro lado, Espanha também a tem e não fez nenhuma revolução, se nós em vez da revolução tivéssemos passado por um processo de transição como o espanhol estaríamos exactamente como estamos. Não me falem em 25 de Abril, onde está ele?
José Saramago – A revolução foi o que foi, com os seus erros e disparates, mas também as suas grandes conquistas e, principalmente, as suas grandes ilusões.
Enorme ilusão que alimentaram uma parte substancial dos portugueses, mas isso é passado. É tão passado que já não comemoro o 25 de Abril, sentir-me-ia um irresponsável ao celebrar qualquer coisa de que não possa ver nenhum sinal, porque tudo o que me trouxe desapareceu. Não me digam que é porque temos a democracia, em primeiro lugar porque a acho bastante discutível e penso que haveria que a discutir muito seriamente porque é uma espécie de paradigma ou de uma santa no altar em que não se pode tocar. Por outro lado, Espanha também a tem e não fez nenhuma revolução, se nós em vez da revolução tivéssemos passado por um processo de transição como o espanhol estaríamos exactamente como estamos. Não me falem em 25 de Abril, onde está ele?
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