terça-feira, julho 10, 2007

A FESTA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM Ontem fui alertado para uns papéis que se encontram afixados em alguns estabelecimentos comerciais apelando a uma reunião que se irá realizar hoje, 10/07/07, no Salão do edifício Sede das Juntas de Freguesia. Esses papéis vão mais longe, apelando à participação da população e muito particularmente dos pescadores. O assunto é a alteração do terreiro da Festa para a entrada de Peniche de Cima.
A leitura desta questão divide-se quanto a mim em 3 partes.
1ª Parte – Os comerciantes Só posso dizer que são loucos. Como o Astérix dizia dos romanos. Não compreenderem que são eles que têm que mudar de hábitos e estratégia em vez dos habitantes ou dos que nos visitam é um acto de loucura que só pode acabar em suicídio. Porque é que os chineses vendem e cada vez são mais em Peniche? Porque é que as pessoas compram e vendem nuns sítios e não em outros? Por mais que me empurrem para determinado local não será por isso que eu terei qualquer afinidade para o que aí existe. Os comerciantes não estão preocupados com a FESTA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM. Afinal a Festa até é religiosa. Estão preocupados com os aspectos pagãos da Festa. Nem com a população. Nem com os pescadores. Estão preocupados com o seu “negociozinho” naqueles 4 dias.
2ª Parte – A Festa Faz todo o sentido que se efectue no campo da Torre. Se os arranjos que lá foram produzidos não tiveram isso em conta, foi um erro a somar a todos os que aquela obra já somou. As realizações urbanísticas devem ter em conta as tradições locais. E as funcionalidades dos espaços. É dos livros. Retirar a Festa pagã dali é condenar à morte as Festividades de Nossa Senhora da Boa Viagem. O espaço em que se realizam deve ter ligação directa com o mar e com aquilo que se celebra. A Ribeira, o Porto de Pesca, a Igreja de S. Pedro.
3ª Parte – A Câmara Municipal de PenichePor esta ou aquela razão está a perder sensibilidade. Não basta ser esforçado e aparecer na TV. É necessário saber ouvir. A CDU não pode, se quiser fazer um longo período de actividade no executivo da Câmara, fechar-se em si própria. É importante fazer a experiência de realizar este ano no Campo da Torre a Festa. Logo se vê o que acontece. Ponham gente a estudar os possíveis impactos dessa realização naquele local e minimizem-nos. Eu sei que isso parece ser “dar o braço a torcer”. Mas uma vez por outra lá terá de ser. O assunto não deveria ter chegado a isto.
É importante não esquecer para quem é atento a estas coisas, que nem o Salazar se atreveu a retirar a Festa da Boa Viagem daquele local. E toda a gente que sabe de segurança, percebe o inconveniente de realizar junto à Fortaleza-Prisão um evento daqueles. Logo a CDU a meter-se numa barafunda destas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Começo por escrever que deveria utilizar a expressão "alguns comerciantes".

1º - Julgo que os comerciantes não estão preocupados com o seu "negóciozinho" naqueles 4 dias, porque na realidade não são 4
dias mas sim 20 dias. Até hoje nenhuma câmara conseguiu fazer valer a realização da Festa a 7 ou 8 dias.
2º - Os comerciantes não estão preocupados com os carrocéis, carrinhos de choque, poço da morte,
comboio fantasma, cigana da sina, sandes de presunto, frangos assados etc, mas sim com a quantidade de bancas de roupa, sapatos, roupas contrafeitas, panelas, tachos, atoalhados, cuecas
peúgas... que são a grande maioria
dos lugares ocupados no terrado.

4º Na sua maioria, os feirantes não pagam impostos, segurança social, rendas dos estabelecimentos e muitos recebem ainda o rendimento social de inserção .

5º- Os comerciantes da nossa terra pagam impostos, renda dos estabelecimentos, pagam segurança social dos próprios e dos empregados e proporcionam bastantes empregos à população de Peniche.

6º- São cada vez mais as lojas dos chineses em Peniche, pudera, as lojas dos ditos estão em nome dos seus jovens filhos e por isso têm grandes subsídios do governo chinês. Ainda assim dão emprego e pagam elevadas rendas dos estabelecimentos que arrendam.

7º A actividade comercial é uma actividade totalmente livre, pode ser exercida por qualquer pessoa com curso superior ou com a 4ª classe e até sem escolaridade.
Nesta actividade, mais que noutras, vale muito o espírito de iniciativa e o espírito de risco.
Espíritos esses que não abundam na nossa terra.
Quanto mais comércio melhor para todos. Comércio de porta aberta, não comércio de feiras.

Para finalizar, sou a favôr da realização nossa Festa no CAMPO DA TORRE. É lá que estão as memórias e lembranças de quase todos os penicheiros, quando uma volta no carrocel custava 1$OO.
Agora julgo que tem que ser limitada a quantidade de terrado alugada aos ramos que não são de divertimentos e fazer cumprir a duração da Festa a 8 dias no máximo.

A.S. disse...

Pois eu tambem concordo que a festa seja feita onde sempre foi. Retirá-la dali é matá-la, de certeza. Relativamente á obra feita no campo da torre já se falou em demasia, estava na hora de agir e corrigir. Na ultima assembleia municipal todos "sacudiram a água do capote" relativamente ás responsabilidades pelo projecto. Interessante. Se tivesse ficado alguma coisa de jeito, todos reclamariam os respectivos louros. Não podemos pedir q um arquitecto que nem sabia onde ficava Peniche, que projecte um arranjo urbanistico sem ajuda, sem indicações de técnicos e politicos locais que devem obrigatóriamente de ter conhecimentos que o out-sider não tem. Somos uma terra interessante. Agora depois do dinheirinho lá gasto, já se equaciona a hipótese de gastar mais para melhorar, pois aquilo parece que está inacabado. "Materiais nobres de origem mediterrânica tais como o saibro e o seixo rolado" foi esta a citação do arquitecto autor relativamente ao materiais utilizados e ninguem foi capaz de lhe perguntar se um pouco de calçada à portuguesa não seria bem mais nobre.
E senhores politicos, não se desculpem pois quase todos estavam lá aquando da aprovação, presidente incluido.
A.S.