quinta-feira, novembro 01, 2007

DIA DE TODOS OS SANTOS/DIA DE FINADOS
1 de Novembro parece ser o dia em que tudo e todos cabem. Começa por ser o dia em que celebrando todos os santos e mártires, não se comete o deslize de falhar algum. Em alguns lugares até se constroem capelas, igrejas ou catedrais dedicadas aos santinhos todos, ou aos mártires, desculpabilizando assim qualquer falta ou omissão.Depois é o dia do grande Terramoto de Lisboa de 1755. A capital do Reino tinha-se transformado num antro de vício e pecado com o Marquês de Pombal à cabeça. Foi enviada aquela hecatombe purificadora que varreu Lisboa, como antes já Sodoma e Gomorra tinham sido devastadas pela ira do que tudo vê e nada esquece.
Por último é o Dia do Pão-Por-Deus. As crianças descem às ruas e com sacos cada vez maiores vão pedindo de casa em casa, guloseimas, broas e bolos. Já nenhuma aceita pão, figos ou fruta. E se aceitar é para passados uns metros os deitarem fora com um gesto de asco. O Pão-Por-Deus tornou-se um requinte em que só se aceitam as preferências de cada um e não as necessidades que lhe deram origem. E os moradores sentem-se defraudados porque perdem uma das raras hipóteses que ainda lhes restavam de fazer caridade e assim poder entrar no reino dos céus.
Com um calendário litúrgico e de memória tão rico, era inevitável este dia tornar-se Feriado Nacional. O que lhe deu uma importância invulgar para os funcionários públicos e demais dependentes. Aproveita-se então o dia para visitar cemitérios que é o dia que se segue sem direito a Feriado. O comércio das Flores e afins agradece. Mais uma razão para manter este Feriado singular.
1 de Novembro é dia de celebração de TUDO-O-QUE-NÃO-É. Ou que já foi. Ou que há-de ser. É verdadeiramente o dia em que faz sentido a alma lusa nesta osmose perfeita com o D. Sebastião em que nos tornámos. Tornou-se por mérito próprio o DIA DE PORTUGAL.

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