domingo, novembro 11, 2007

EDUCAÇÃO: FACTOR DE DESÂNIMO?
Lembro-me como se fosse hoje: quando li o seu livro, fiquei a respirar melhor.
José Manuel dos Santos

Um destes dias encontrei um amigo meu, que foi meu aluno nos meus primeiros anos de professor em Peniche e que se veio a tornar professor ele próprio. Sempre que estou com ele discutimos. Métodos e atitudes. Ele é ideologicamente próximo das teses da FENPROF, eu sou um crítico das atitudes egocêntricas dos Sindicatos em geral e dos Sindicatos dos Professores em particular. Isto é o suficiente para discutirmos, a nossa amizade repõe no fim todas as feridas abertas.
Mas desta vez fiquei perturbado. O meu amigo era uma pessoa revoltada. Revoltado e sem motivação e ambição para fazer melhor. Ao longo do tempo sempre o vi discordante. Mas no que dizia respeito a entusiasmo pelas actividades escolares, nunca o vi fraquejar a não ser agora.
Mas mais grave senti-o a acreditar no medo que dizem grassar aí por entre o funcionalismo público. Medo de ser acusado de não concordar com as alterações produzidas no Ministério da Educação. Medo de ser menos atento e venerador pelas chefias.
Eu não posso acreditar que isto seja verdade. Isto é, acredito que ele tenha medo porque o vi espelhado no rosto dele. Vi-o pedir-me para falar mais baixo. Mas não posso acreditar que depois de tudo o que já passámos neste país, que haja razão para ter medo.
Acredito que umas quantas alimárias tenham suscitado esse medo. Tenham gerado ondas de choque que atingiram a generalidade dos professores. Se assim é, com a maior urgência alguém deveria desmontar este clima. Que só pode servir os incompetentes e os que são incapazes de uma qualquer ideia para melhorar um sector que ao longo de mais de 50 anos tem sido tão maltratado.
Gostava de poder continuar a dizer: quando vejo uma escola, sinto meu coração rejubilar. Mas assim não dá.
Alguém anda a dar cabo dos poucos que ainda se interessavam pela causa da educação. Não basta dizer que queremos escola para toda a vida e para todos os portugueses. É preciso que possamos acreditar nisso.

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