RECORDAÇÕES COM SORRISO AMARELO
Ao ler neste sábado a coluna do Zé Manel na Actual (caderno do Expresso), que ele intitulou “HH” veio-me à memória uma das minhas incursões a Lisboa, numa das minhas idas ao médico.
Aproveitei dessa vez para ir fazer uma visita às livrarias da Baixa/Chiado. Terá sido uma visita de saudade. Foi numa delas que me abriguei em 1961, quando uma carga policial da polícia de choque se abatia sobre quem passasse na rua, como consequência da crise estudantil que nessa altura me deu a conhecer o estudante de Direito Jorge Sampaio.
Numa em que entrei na altura foi a Bertrand. A Bertrand já tinha um ar diferente do que eu lhe tinha conhecido. Parecia mais um supermercado de Livros que uma Livraria. Mas enfim. Era o preço da modernidade pensei eu. Na altura eu procurava os dois volumes da “Poesia toda”. Tantas vezes os emprestei que acabei por lhes perder o rasto. E queria-os muito de novo. Dirigi-me ao Balcão e fui atendido por uma menina lindíssima com um aspecto de manequim saído de uma qualquer revista de modas.
Disse à menina ao que ía. Ela voltou-se para o computador e com aquele sorriso daqueles que aquece um homem mesmo que estejam 0 graus, perguntou-me como quem me lambe todo: “- Herberto escreve-se com ou sem H?”
Eu saí porta fora com receio do que me podesse acontecer a mim e à pudica menina.
E como que reza, dirigi um olhar ao Pessoa que ao longe tomava a sua bica, e pedi-lhe perdão por continuarmos a ser tão estupidamente ignorantes.
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