20 DE JANEIRO DE 1973Tinha há uns dias em cima da secretária, um dos livros das “obras escolhidas de amílcar cabral” – Ed. Seara Nova, para ontem escrever sobre essa figura mítica da Luta pela Independência Africana.
A data que serve de título ao que hoje escrevo, é a data do seu assassinato ainda hoje mal esclarecido. A uns serve a ideia de que terão sido os “colonialistas portugueses” a perpetrar esse crime, a outros de que ele estaria no meio das lutas intestinas do PAIGC, com os ódios latentes entre cabo-verdianos e guineenses ou mesmo, entre etnias e a luta pela hegemonia na liderança do movimento.
Pessoalmente não me repugna acreditar que todos estes sub-interesses se tenham conjugado para levar a efeito a morte de um dos paladinos da luta africana.
Da Wikipédia respinguei o que segue:
“Amílcar Cabral (Bafatá, Guiné-Bissau, 12 de Setembro de 1924 — Conacri, 20 de janeiro de 1973) foi um político de Cabo Verde e da Guiné-Bissau
Filho de Juvenal Lopes Cabral e de Dona Iva Pinhel Évora, aos oito anos de idade, sua família mudou-se para Cabo Verde, estabelecendo-se em Mindelo (ilha de São Vicente), que passou a ser a cidade de sua infância, onde completou o curso liceal em 1943. No ano seguinte, mudou-se para a cidade de Praia, na ilha de Santiago, e começou a trabalhar na Imprensa Nacional, mas só por um ano, pois tendo conseguido uma bolsa de estudos, no ano de 1945 ingressou no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa. Após graduar-se em 1950, trabalhou por dois anos na Estação Agronómica de Santarém.
Contratado pelo Ministério do Ultramar como adjunto dos Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné, regressou a Bissau em 1952. Iniciou seu trabalho na granja experimental de Pessube percorrendo grande parte do país, de porta em porta, durante o Recenseamento Agrícola de 1953 adquirindo um conhecimento profundo da realidade social vigente. Suas atividades políticas, iniciadas já em Portugal, reservam-lhe a antipatia do Governador da colônia, Melo e Alvim, que o obriga a emigrar para Angola. Nesse país, une-se ao MPLA.
Em 1959, Amílcar Cabral, juntamente com Aristides Pereira, seu irmão Luís Cabral, Fernando Fortes, Júlio de Almeida e Elisée Turpin, funda o partido clandestino Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Quatro anos mais tarde, o PAIGC sai da clandestinidade ao estabelecer uma delegação na cidade de Conacri, capital da República de Guiné-Cronacri. Em 23 de janeiro de 1963 tem início a luta armada contra a metrópole colonialista, com o ataque ao quartel de Tite, no sul da Guiné-Bissau, a partir de bases na Guiné-Conacri.
Em 1970, Amílcar Cabral, fazendo-se acompanhar de Agostinho Neto e Marcelino dos Santos, é recebido pelo Papa Paulo VI em audiência privada. Em 21 de novembro do mesmo ano, o Governador português da Guiné-Bissau determina o início da Operação Mar Verde, com a finalidade de capturar ou mesmo eliminar os líderes do PAIGC, então aquartelados em Conacri. A operação não teve sucesso.
Em 20 de janeiro de 1973, Amílcar Cabral é assassinado em Conacri, por dois membros guineenses de seu próprio partido. Amílcar Cabral profetizara seu fim, ao afirmar: "Se alguém me há de fazer mal, é quem está aqui entre nós. Ninguém mais pode estragar o PAIGC, só nós próprios." Aristides Pereira, substituiu-o na chefia do PAIGC. Após da morte de Cabral a luta armada se intensifica e a independência de Guiné-Bissau é proclamada unilateralmente em 24 de Setembro de 1973. Seu meio-irmão, Luís de Almeida Cabral, é nomeado o primeiro presidente do país.”
Por mim acrescentaria que admirei(o) o humanismo de Amílcar Cabral. A sua capacidade de acreditar que o homem só merece viver, se contribuir para crescer em liberdade e se juntar a sua voz aos mais carecidos e oprimidos.
A feliz coincidência de um afro-americano tomar posse como Presidente dos Estados Unidos, 36 anos depois da morte de Amílcar Cabral, permite-me sonhar com um amanhã de esperança.
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