CARTAS
Ao procurar uns textos no PC, fui encontrar esta carta que escrevi a uma colega minha a propósito de um texto do brilhante pedagogo que foi João Santos. Porque o Natal foi há tão pouco tempo, porque acordei sem dores, porque me apetece falar de coisas de que gostei na vida, transcrevo na íntegra essa carta, certo de que ela poderá ser um toque de magia para os meus ex-colegas que acreditam na Escola, mais do que nos aspectos transitórios que agora os mobilizam:
2004/02/21
Gabriela:
Num dos muitos momentos de ócio de agora, estive a ler uma série de textos, entre os quais retive este que te trago agora anexo a esta nota.
Já não sou, nem me sinto professor. Mas sonhei que todos os professores liam este texto.
Sonhei que assumiam este texto como prática pedagógica. Que linda seria a relação professor-aluno. Que lindo seria a troca de saberes entre professores e alunos.
Era tão importante que os professores assumissem a sua “incompetência” face às inúmeras capacidades de uma criança. Quantas vezes seria importante que os professores “trabalhassem mais e estudassem mais”.
Era tão bom que os professores “prestassem mais atenção”.
Há lá coisa mais bonita que fazer festinhas a um papel.
Recordo as inúmeras vezes que brincámos com os nossos alunos. E no entanto brincámos tão pouco. Que pena nunca nos termos lembrado de tantas carícias que poderíamos ter feito com tantos materiais.
Tu que ainda estás a tempo, procura fazer das tuas aulas, sessões de festinhas com os nossos meninos e com as nossas meninas. Olha que eu esteja onde estiver, vou estar atento à tua prática pedagógica.
Não me arrependo da barafunda que foi as nossas aulas. Tenho pena é de ter perdido momentos em que poderíamos ter ido mais longe.
Estava a esquecer-me de uma coisa... Onde cabe a avaliação quando é o amor que preside ao acto de ensinar e aprender?
Mil beijinhos do
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