REFORMAS DOURADAS
Ontem cruzei-me com uma colega minha do 1º Ciclo. Falámos das trivialidades habituais e depois entrámos pelas nossas reformas adentro. Os olhos da minha colega brilharam, fazendo empalidecer o pouco sol de inverno que nos resta.
A sua felicidade era visível. Não porque estivesse farta do que fazia. Não porque temesse a agitação espúria que agora percorre estupidamente as escolas. Sorria porque sim. Sorria porque se sentia feliz por ser dona do seu tempo. Por fazer o que lhe apetece às horas que lhe apetece. E por não fazer nada quando é isso que lhe apetece.
Lê quando lhe apetece os livros que foi acumulando e que não chegou a desfolhar.
Sai à rua sabendo que não tem horários a cumprir, nem trabalhos para ver, nem reuniões a que assistir. O marido e a filha não são dificuldade, são usufrutuários da sua felicidade.
Não tem saudades do que fez. Sente-se bem com o que fez. E está feito. Não é repetível. Vive o ócio. Não tem momentos de ócio.
Enquanto falávamos crianças e jovens, ex-alunas, iam-na cumprimentando e a sua alegria era enorme apresentando-as como tal. Mas sem saudades bacocas. Com uma alegas sem saudades bacocas. Com a alegria sadia do dever cumprido e de ter restado o amor.
Assim se vive uma vida.
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