quarta-feira, janeiro 14, 2009

PEDRAS SOLTAS
Quando o tempo tinha tempo, as actividades lúdicas em Peniche dividiam-se entre o futebol, a Associação e o Clube, de acordo com as faixas etárias e os níveis sociais. O clube virado para os senhores da terra, a Associação para a classe média e média-baixa e o futebol atravessando todas as classes.
Na Associação cruzavam-se boas vontades e interesses. Uma das suas actividades mais estimáveis era o Teatro, na época brejeiro e cantado. A história do Teatro em Peniche embora de forma sucinta encontra-se ilustrada convenientemente No Peniche na História e na Lenda de Mariano Calado. Não é esse o meu propósito de agora. Por me ter vindo às mãos uma cópia que me foi oferecida pelo Dionísio Costa, vou publicar aqui durante alguns dias, coplas de um musical levado à cena em 1940 na Associação com o título Pedras Soltas, da autoria de Mariano Vicente e com música de António Faustino (Bebé pai). O interesse desta publicação está no retrato social que estes versos fazem da década de 40 e que agora muito poucos recordam.

MARCHA DE S. PEDRO
Oh, meu rico S. Pedro
Meu Santo, protector,
A minha petição
Ouve, faze favor:

Manda peixe com fartura
Para haver animação.
Se faltar’s ao que te peço,
Eu apago o meu balão.

Meu Santinho,
Vê o que fazes,
Porque senão
«Tudo está acabado»
Não canto mais
E é certo então
Ficar sem nenhum préstimo o mercado.

Não havendo, lá na Ribeira,
A sardinha prateada,
É o mesmo que dizer:
Nem ouro, nem cobre, nem…nada.

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