sexta-feira, janeiro 23, 2009

AVALIAÇÃO DE PROFESSORES
Sempre manifestei a minha discordância sobre os motivos que deram origem a esta súbita paixão dos professores pela actividade sindical. Refiro actividade sindical e não digo aderência militante à actividade sindical. De facto seria interessante nesta guerra de números verificar quantos professores estão efectivamente sindicalizados e comparar esse número com os valores de adesão às greves. Passemos à frente.
Sempre afirmei que o que efectivamente sempre motivou os professores foi o seu horror a qualquer tipo de avaliação da sua actividade, desde que não seja promovida por si próprios. Chamam-lhe auto-avaliação.
Os professores recusam ser avaliados. Milhares de professores deste país durante muitos anos, para se efectivarem tinham de passar por um estágio profissional onde a observação de aulas era um valor inestimável, para a correcção de atitudes, a melhoria de técnicas, o desenvolvimento de métodos de ensino-aprendizagem. Até que se instalou o grande regabofe. Hoje os professores entram para a sala de aula, fecham-se lá dentro e vá Deus saber o que ensinam e como o fazem.
No fundo é como um jornalista escrever as suas reportagens, e esconde-las na gaveta para que o seu valor literário e informativo não possa ser posto em causa.
Tudo começa e acaba na recusa dos docentes em serem avaliados. Se isto não fosse verdade, já teriam apresentado preto no branco uma proposta alternativa de avaliação corrigindo o que no seu entendimento está menos correcto na proposta do Ministério. Isso não fazem, porque não têm. De facto, quererem auto avaliar-se não é nada. Ninguém pode ser juiz em causa própria. Ninguém conhece alternativas porque elas não existem
Seja qual for o resultado do pedido de suspensão do modelo actual de avaliação, que hoje vai a votos na Assembleia da República, este miserável país já perdeu com esta bagunçada que se tem gerado à volta de uns quantos que não querem dar contas do que fazem a ninguém.
Inundar os emails dos deputados, pedir a dissolução da Assembleia da República se esta não for favorável aos seus interesses corporativos, fazem parte de uma mesma moeda, que tem origem em métodos muito bem conhecidos de um certo partido político em ano de eleições.
Que uns quantos com desejos mórbidos de não saírem da ribalta lhe dêem acolhimento, não estranho. Estranho é que hajam portugueses que toda a vida tiveram que dar contas do seu labor profissional e da qualidade do seu trabalho, possam duvidar que hajam os quantos que são imunes à avaliação. Não há dúvida que cada povo tem o país que merece.

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