sexta-feira, abril 17, 2009

EU ESTAVA NUM GRUPO
…de amigos e ouvi a conversa. Nela participavam 2/3 reformados de ofícios diferentes e um polícia marítimo. Lamentavam-se (e revoltavam-se) contra uma lei que consideravam absurda e que impede os pescadores da pesca à linha de atirarem ENGODO para atraírem os peixes ao pesqueiro onde se encontram.
Um deles que foi pedreiro toda a sua vida laboral (e que agora na reforma luta contra o cancro) afirmava mesmo que isto só pode ser feito para impedir a felicidade de quem ao passar horas a pescar, assim encontra forças para o passar dos dias. Outro, um marítimo reformado que com os peixes que apanhava completava a dieta lá de casa, dizia que só os pobres é que são impedidos de viver. E a conversa continuava por aí. O polícia marítimo assistia e confirmava essa e outras interdições, como a de apanhar lapas com qualquer instrumento auxiliar metálico. Outro dizia que a ele não o lixavam (com outras palavras) porque ele arrancava as lapas com as unhas dos pés.
E entre umas tiradas de humor e outras de revolta lá se foi falando da iniquidade de certas leis.
Eu, agora aqui à frente do PC e a escrever sobre isto ainda me sinto revoltado por outras razões.
Peniche sempre foi conhecida por uma terra de pesca lúdica. Os avisos de pesqueiros mandados colocar pela Câmara à muitas dezenas de anos são mais que muitos. Existe até um roteiro turístico antigo, com os pesqueiros assinalados e que sempre serviu de suporte a quem nos procurou para se divertir pescando.
Tudo isto é eliminado e proibido. E onde está quem explique estas proibições? Seria pedir demais ao Sr. Comandante do Porto que explicasse pelos meios tidos por convenientes as razões destas proibições? Ou a forma de lidar com elas… Ou de poderem a ser contestadas… Ou atenuadas em determinadas circunstâncias…
Acho muito bem que se desenvolvam actividades e meios para que outros desportos náuticos possam ser praticados em Peniche. Mas aquilo que faz parte da cultura centenária das nossas gentes do mar, porque é que há-de ser tratado como se um crime fosse?
Então Sr. Presidente da Câmara? Que tal perder um pouco de tempo com os que o elegeram e tentar conseguir que o ENGODO, não seja tratado como um mal maior. Eu sei que isto é pouco importante para quem tem as preocupações que têm pessoas com os afazeres de V. Exª. Mas olhe que são as coisas pequeninas que constroem grandes vitórias. E já vi cair Presidentes de Câmara que se preocuparam muito com os empreendedores imobiliários, tendo-se esquecido dos pedreiros.

Sem comentários: