PORQUÊ?
Estes últimos anos têm sido pródigos em situações que me colocam perante um sem número de dúvidas. Desde logo sobre mim próprio. Depois sobre o sentido da existência ou a falta dele.
O agnosticismo prende-se a mim como uma lapa à sua rocha e tudo me é mais difícil de compreender. Para os que têm Fé é fácil. Fecham os olhos à realidade que os cerca e aos seus impactos. Acreditam que tudo serve para pôr à prova a sua crença e o seu prémio para além da vida, e seguem caminho imperturbavelmente.
Tudo isto a propósito da sequência de mortes que têm estupidamente posto fim à presença física de amigos meus daqui para o futuro.
O Diogo é o último desta sequência estúpida e sem sentido. E então interrogo-me: - Porquê eles e não eu… Que é que pode perceber-se no desaparecimento de pessoas mais novas que eu e que tanto tinham ainda para dar de si aos outros. Como pode haver um Justo Ser que permita este calvário de dor?
Não que eu queira morrer. Adoro a vida. Tenho repetido até à exaustão que quando morrer, vou ter saudades de mim. Gosto de sair à rua e cumprimentar as pessoas. Gosto de ver o mar e o sol e a chuva. Quero estar cá. Mas também quero encontrar ao voltar da esquina os meus amigos.
Quero que o telelé toque e que eu veja que é o Carolino angustiado com a situação do seu Boavistão. Ou que é o Vítor Mamede a dizer-me que acabou as férias e está tudo como ele gosta (e eu também) na sua Escola. Ou que é o meu irmão a dizer-me que vem a Peniche no próximo fim-de-semana. Ou que entro na Afrodite e que o Zé Batista se levanta da mesa onde está a tomar café e vem ter comigo para falarmos das nossas filhas. Ou que telefono todo atrapalhado para a Trilógica e ouço do lado de lá a voz inconfundível do Diogo a dizer-me para eu levar o PC que se dá um jeito para que este Blog saia a tempo e horas.
Por tudo isto eu estou a pedir demais? Só quero aqueles pequenos nadas que fazem de mim uma pessoa feliz. Está a chegar o tempo em que não quero mais acompanhar ninguém para o irremediável. Quero os meus amigos ao pé de mim. Ter a sua memória comigo começa a não ser suficiente. Amo a vida. Mas amo-a com as pessoas de quem gosto.
1 comentário:
Amar a vida mas so com as pessoas de quem eu gosto ....
E estar na vida isolado do mundo real eu gosto de estar na Vida com todos para que aqueles de quem eu possivelmente nao gosto me sintam a seu lado , jocoso mas sempre comunicativo ... de maneira que nao me possam calar fisicamente, psicalogicamente que me aturem para bem de todos . Assim e que eu defino para meu Bem esta passagem rapidissima por este mundo cao
Como sempre olhando o Mundo de uma maneira diferente sou o
Manuel Joaquim Leonardo
Peniche Vancouver Canada
Salvem Peniche Reparem a ETAR e Sereis Salvos
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