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Nas campanhas eleitorais, sejam elas quais forem, uma das propostas/promessas mais abundantes para quem pretende atingir o topo daquilo a que se candidata, é que o seu exercício do poder se baseará numa auscultação constante das necessidades e do pensamento dos que o elegerem.
Para conseguir convencer os cidadãos invade-se o seu espaço como se esse fosse seu hábito, estar onde estão os cidadãos para melhor os ouvirem.
Uma vez eleitos marca-se um dia para o cidadão comum lhe ter acesso. Mas mesmo nesse dia, por razões imperiosas amiúdes são as vezes em que esses encontros terão de ser adiados.
Mas quando finalmente o cidadão lhe consegue chegar, o assunto requer sempre ouvir os responsáveis da área, as implicações do que é solicitado são sempre inúmeras e podem conduzir sempre a um descalabro financeiro ou legal se não forem devidamente meditadas.
Aqueles que frequentam os locais de lazer que o detentor do poder utiliza para seu próprio gáudio, conseguem uma conversa singular mas a parte final é sempre irremediavelmente a mesma, “ – passe pelo meu gabinete que falaremos melhor”. E então regressa-se ao esquema do parágrafo anterior.
Mais curiosa é a forma de sugerir iniciativas que correspondam a benefícios colectivos. A proposta é lida/ouvida e fica sempre para posterior apreciação. O que vier do exterior é para ser evitado. Só o que é pensado por si e mandado executar por si, de acordo com os seus objectivos e dos fins que pretende atingir é válido.
Não interessa se é bom ou mau. Não é iniciativa sua.
Para fazer vencer uma ideia a única alternativa é conduzir a proposta de forma a que o “patrão” fique com a convicção de que foi ele que a teve. Ou que lhe chegue pela via de um dois eleitos em quem ele confia.
Por isso o detentor do poder não gosta de pessoas colegialmente eleitas. Prefere assessores de quem se pode descartar a seu bel-prazer. Gosta de como obra de misericórdia expor o seu pensamento e iniciativas para serem aplaudidas. Se não o forem será lamentável para os que não souberam apreciar tal discernimento e capacidade intelectual.
Partilhar torna-se em definitivo uma maldição.
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