25 DE ABRIL DE 2011
Apesar da crise cívica que vivemos. Apesar da falta de identidade em que nos encontramos hoje. Apesar da indignidade pública e privada que diariamente nos oferecem os nossos políticos. Todos eles (sem excepção) comportando-se como se fossem os capatazes da quinta e nós os seus míseros assalariados. Apesar de tudo.
Porque acredita como valor inalienável do ser humano. Porque não há guerras justas. Porque prender as pessoas por delito de opinião é o mesmo que comprometer o futuro. Porque acredito na liberdade de expressão. Porque mereceu a pena da luta dos que acreditam num futuro melhor. Porque não foi em vão que o meu sogro e o meu avô foram presos. Porque me recordo do tempo em que muitos dos meus colegas iam descalços para a escola pois não havia dinheiro para comprar sapatos. Porque só iam estudar os filhos dos que tinham posses que eram uma minoria da população. Porque só tinham direito à saúde os que podiam pagar aos médicos. Porque não havia direito à habitação e eu ainda me recordo do que era a Fonte Boa. Porque ainda me lembro das filas intermináveis de pobres em Peniche aos sábados a pedir esmola. Porque ainda me recordo na época do defeso da sopa do senhor prior. Porque ter telefone e frigorífico, era luxo a que só se podiam dar alguns. Porque era preciso ir ao centro Paroquial para ver Televisão. Por todos aqueles que saiam de Portugal a salto, sem qualificações nem trabalho há procura lá fora de um futuro mais risonho para si e para os seus. Por tudo isto e pelo que fica por dizer o 25 de Abril merece a pena ser comemorado no mais intimo do nosso coração e festejado. Por cada Otelo há sempre um Salgueiro Maia.
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