sexta-feira, abril 01, 2011

O MATAR DA ESPERANÇA

Ouvi ontem de supetão esta expressão dita por uma economista de seu nome Cândida Morais. Senti-me atingida por ela como se fosse um raio. Pareceu-me do pouco que ouvi que também ela não acredita nos nossos políticos, sejam eles quem forem. Não acredita também no PR como entidade capaz de ser mobilizadora e geradora de uma nova ética política em Portugal.
Fiquei com a convicção de que o que ela pretendia dizer é que estamos entregues a nós próprios. Não acreditamos em ninguém, nem ninguém acredita nas nossas capacidades de nos comportarmos como adultos e responsáveis. Estamos a destruir a capacidade de sobrevivência das gerações vindouras e nem olhamos para trás.
Os nossos políticos falam para nós através das câmaras de televisão, olhando-nos com um olhar seráfico e falam-nos com voz de “padrecas” de aldeia do há 2 séculos atrás, como se nós fossemos os culpados da situação que enfrentamos e fazendo-nos crer que só não estamos pior, porque as suas orações nos dão ainda algum conforto.
Não há perdão para o facto de sermos o que somos. Somos o mictório das praias. Somos as casas de banho das sociedades de cultura e recreio. Somos a doença venérea dos prisioneiros de perpétuas. Pessoa e os outros foram acasos. De facto somos assim. Entregues à injúria e e ao desespero. Somos mortos sem sepultura como dizia Sartre. Mortos-vivos sem esperança caminhando sem saber para quê.
Já entregámos a carteira e a honra. Agora fiquem-nos com a vida e façam dela o que quiserem. Empanturrem-se com ela e vomitem-na. Façam como os anorécticos. Nós estamos aqui à espera já não sabemos de quê. Escarrem em cima de nós. Sirvam-se senhores políticos. A mesa do vosso jantar está posta.

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