segunda-feira, maio 23, 2011

NEM ESTRANHO, NEM ENTRANHO
Na política à portuguesa dizem-me que ontem se iniciou a campanha eleitoral. Ontem? Bom, desde há mais de um ano que estamos assistindo a uma campanha feroz para roubar o poder político ao seu detentor. A sordidez da campanha tem sido de tal ordem que qualquer um de nós se sente apiedada com os seus alvos.
E no entanto até aqui (a fazer fé nas sondagens que para aí pululam) nem os maus da fita parece estarem a ser castigados, nem os que se dizem bons estarão a ser beneficiados. Será que este povo é mesmo masoquista? Ou como alguns dizem entre dentes (não se atrevendo a expressar o que lhes vai na cabeça), o povo é burro e gosta de ser enganado?
Seja como for eu já ganhei alguma coisa. Nestes últimos 15 dias consegui passar sem ver um único debate. Sinto-me assim mais fresquinho para enfrentar o futuro. Na II Liga também não se vislumbra mais que o direito a ter um espaço minoritário nas televisões públicas. Tenho saudades do PREC. Tenho saudades do tempo em que se lutava por um país mais democrático. Tenho saudades da “República” e do “Diário de Lisboa”. Tenho saudades de insultar o Salazar e o Caetano. Estes agora não merecem o cansaço de um insulto.
Tenho saudades do escola de antigamente onde as “mulatas” obrigavam os miúdos a comer pão com piolhos. Aquilo sim é que era escola. Da Escola dos caminhos de ferro e dos seus ramais. Dos rios, serras, e da Divisão administrativa de Portugal e das Colónias.
Bons tempos esses em que o spread não existia. Bons tempos esses quando para telefonar era preciso ir à cabine do Café Central. Tempos em que o Montez vendia os boletins do Totobola e em que portas, eram só as das casas. Gerónimo era nome de chefe apache. S´crates era um filósofo ateniense. Coelho era bom “à caçador”. Agora está tudo mudado e nada é para melhor. Não merece a pena perder tempo com os de hoje. Se já não estranho, muito menos entranho.

1 comentário:

Bento Gonçalves disse...

Tanta saudade do "antigamente" que por aqui vai!
O Jerónimo, operário metalúrgico, no "antigamente" lutava a sério contra o fascismo.
Outros, faziam "lutas" de mesa de café, que por acaso até rima com MDP/CDé!