PENICHE: TERRA DO NUNCA
A semana passada encerrou a Frigorifica (Sociedade Frigorifica de Peniche, lda). Desde que me lembro de ser, que esta sigla me acompanha. Recordo o meu pai falar sobre ela, da sociedade entre alguns dos nomes símbolo de Peniche. Recordo de muitos anos mais tarde trabalhar na Carpintaria do Joaquim Vital e lá ir pedir o óleo das máquinas para barrar na madeira de pinho por nós cortada, como antídoto para o bicho da madeira. Ultimamente esta unidade fabril já só era para mim um mar de recordações. E assim tudo aquilo que eram unidades conserveiras de Peniche vai desaparecendo a pouco e pouco.
O que me faz estar aqui a escrever sobre estas coisas, foi eu ter lido há poucos dias na imprensa que o Museu de Portimão tinha recebido um prémio da União Europeia pelas qualidades que apresenta. Também na TV num programa sobre Espinho transmitido do seu museu fiquei boquiaberto com o que foi conseguido em termos museológicos.
Quer num caso, quer noutro, foram aproveitadas antigas unidades conserveiras, requalificadas e transformadas em Museus de grande qualidade.
São inúmeros os casos de unidades conserveiras desaparecidas em Peniche. Ao longo de 37 anos nunca um executivo camarário ou uma força política desenvolveu qualquer esforço no sentido do aproveitamento de uma delas para um centro de estudos em Peniche sobre a sua evolução. Ninguém está isento desta culpa. Pensaram na árvore nunca se apercebendo que esta não deixava ver a floresta. A árvore era o Forte. Que nunca poderia ser um museu pelas dificuldades de adaptação e a sua proximidade com uma alta concentração de corrosão marítima. PS e PSD nunca tiveram visão. O PCP deixou-se dominar pelo receio de ver perdido o seu símbolo de luta política, e não quis ou não foi capaz de sonhar o futuro. Recordo algumas preocupações sobre a destruição eventual de fumeiros. Sem nunca se preocuparem com o que era substantivo.
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