PREOCUPAÇÕES DA TRETA
No passado domingo e ontem, a SIC generalista fez uma desenvolvida reportagem sobre a enorme expectativa que se gerou entre crianças e jovens pela deslocação para um concerto no Pavilhão Atlântico em Lisboa.
Deslocaram-se jovenzitos de várias nacionalidades e de todo o país. Marcaram presença junto às entradas do Pavilhão para apanharem o 1º lugar da frente para poderem estar o mais próximo possível do seu ídolo.
Por si só isto não seria motivo de conversa, se não estivessem ali grupos de crianças do Norte ao sul do país com idades inferiores a 16 anos. Em grupo com os seus amigos. Sem que os pais ou outros adultos os acompanhassem. Ali dormiriam uma ou duas noites à chuva e ao frio para poderem estar tão próximos do objecto dos seus sonhos quanto possível.
O que mais me marcou no entanto, foi a entrevista com uma menina de 11 anos chamada Joana. A criança foi filmada, mostrada aos telespectadores da SIC, sem que nos fosse dito que aquelas filmagens teriam ser autorizadas por alguém devidamente mandatado para tal. E foi dito que a criancinha iria ali ficar durante a noite, sem que os fariseus e as farisaicas se insurgissem contra esta exposição pública de criancinhas, que se iriam expor aos apetites de algum predador.
As santas e os seus pares desta vez ficaram indiferentes. E eu questiono-me sobre os pais daquelas crianças. E sobre as Comissões de Protecção de Menores e de instituições similares, que passam a vida a exibirem-se anunciando a todo o mundo os seus actos de bem-fazer. Aquelas crianças estavam expostas e era previsível que aquele fenómeno iria acontecer. Porque não se solidarizaram os grupos de Apoio para enquadrarem aquelas crianças. Porque não as identificar e através da Provedora da Justiça responsabilizar os pais dos meninos e meninas com idades inferiores a 16 anos que não estivessem apoiados por familiares ou adultos? Ou só em Belém e no Parque Eduardo VII é que acontecem desgraças?
Vou parar por aqui. Metem-me nojo os falsos humanistas. Aqueles e aquelas que só surgem para se comportarem como virgens ofendidas quando um dos seus é posto em causa. É difícil compreender e aceitar como normal, uma situação que tende a constituir um progressivo caminhar para a ausência mais completa de valores.
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