- OS PENICHEIROS
Que pena nunca sermos profetas na nossa própria terra. Do jornal “Atlântico Expresso” transcrevo sem quaisquer comentários, e na íntegra uma entrevista bem como algumas das fotos que a ilustram, de um jovem penicheiro radicado nos Açores. Os sublinhados e os destaques são arranjos da nossa responsabilidade. Para que conste.
Atlântico Expresso
Fundado por Victor Cruz - Director: Américo Natalino de Viveiros - Director-Adjunto: Santos Narciso - 18 de Março de 2013 - Ano: XVI - N.º 85646 - Preço: 0,90 Euro - Semanário
JOVENS NO PARLAMENTO DOS AÇORES
POLÍTICOS AÇORIANOS ESTÃO FORA DA REALIDADE
Chama-se André Ribeiro Blayer Góis, tem 14 anos e é natural de Peniche, embora viva em Ponta Delgada
desde os 6 anos. Aluno do 9º Turma G da ESAQ – Escola Secundária Antero de Quental foi eleito porta voz da comitiva de deputados dos Açores à Assembleia da República, o Parlamento Jovem, um programa que a Assembleia da República organiza em colaboração com o Instituto Português do Desporto e Juventude
(IPDJ), entre outras entidades, com o objectivo de promover a educação para a cidadania e o interessedos jovens pela participação cívica e pelo debate de assuntos da actualidade. Ao todo os Açores serão representados por oito jovens estudantes de quatro escolas da Região.
André Blayer não esconde a satisfação e adianta que gosta de política “porque considero importante debater ideias com outras pessoas, apresentar argumentos e “negociar” entendimentos, mesmo tendo em conta que nem sempre as minhas ideias são as que vencem”. Quanto aos políticos e políticas de hoje, o jovem remata: “acho que, por vezes, se ocupa muito tempo a debater assuntos que não têm grande interesse ou evitam-se outros que deviam ser debatidos. Estamos numa altura de crise, as pessoas vivem com mais difi culdades e às vezes parece que os nossos políticos se esquecem dessa realidade”.
Que área de estudos quer seguir e porquê?
Ainda não tomei uma opção defi nitiva. Gosto de informática, mas também gosto das ciências sociais. Gostava de seguir informática, porque acho que me dou bem com computadores e equipamentos electrónicos. É o que eu gosto. Também gosto de ciências sociais, mas ainda estou um bocado indeciso, verdade seja dita.
Quais são os seus objectivos de vida, nomeadamente os profi ssionais? O que o atrai no que pretendes se quando for mais velho?
Como já disse, ainda não defi ni um grande objectivo em termos profi ssionais, mas mais do que isso, seja em que área for, espero conseguir ter um papel activo no meio onde estiver inserido e sentir-me bem e realizado com o que vier a fazer. Basicamente, quero sentir-me feliz, útil e integrado.
Como é que aconteceu a sua ida até à ALRAA para participar no parlamento jovem?
O meu grupo, pertencente à Escola Secundária Antero de Quental, foi eleito na fase de escola do Parlamento dos Jovens. Já tinha participado no ano passado e este ano eu e os meus colegas voltámos a fazer uma lista e fomos seleccionados, na fase de escola.
Gosta de política? Porquê?
Gosto, porque gosto de debater ideias com outras pessoas, apresentar argumentos e “negociar” entendimentos, mesmo tendo em conta que nem sempre as minhas ideias são as que vencem. É uma área que me cativa, porque acho interessante saber como está o nosso país, o que é que as pessoas pensam da actualidade, que medidas são implementadas, etc.
Como classifi ca a política que se faz nos Açores? E os nossos políticos?
Acho que por vezes se ocupa muito tempo a debater assuntos que não têm grande interesse ou evitam-se outros que deviam ser debatidos.
Estamos numa altura de crise, as pessoas vivem com mais dificuldades e às vezes parece que os nossos políticos se esquecem dessa realidade. Mas de um modo geral, acho que a política que se faz nos Açores é boa e julgo que temos bons políticos.
Identificasse com algum partido em especial? Porquê?
Com o Partido Socialista, principalmente.
Identifico-me com muitas das ideias deste partido, porque muitas das minhas opiniões são idênticas àquilo que o PS defende.
Da experiência deste debate na ALRAA o que mais gostou? E menos?
Gostei de ter tido a oportunidade de intervir perante uma assembleia de “deputados” da minha idade e com os quais me identifico e fazer valer as minhas ideias. Gostei, claro de ser eleito porta-voz da Região no Parlamento dos Jovens (Ensino Básico) nacional. Ficam também as amizades e os conhecimentos que fi z. Gostei menos do pouco tempo que tivemos para fazer o trabalho de grupo.
Foi eleito um dos porta-voz da comitiva de deputados dos Açores à Assembleia da República, uma enorme responsabilidade. O que representou para si esta nomeação?
Representa a confiança depositada em mim pela maioria dos meus colegas. Estou no entanto consciente de que se fossem eles a representar os Açores, iria ser igualmente uma excelente representação. Sim, fi quei satisfeito. Quem não ficaria?
Que assuntos vão ser levados pelos jovens deputados açorianos à Assembleia da República? Já existem temas ou ideias?
O tema que vamos levar à AR é “Será que só nos resta emigrar?”, que tem a ver, como o próprio título refere, com a dúvida se será esta a única opção para o sucesso dos jovens, tendo em conta a actual situação do país e, pois claro, dos Açores. Por outro lado, levamos várias medidas à Assembleia da República, que têm a ver com a aplicação de um imposto especial aos produtos importados, incentivando, desta forma, o consumo dos produtos nacionais, comprar o que é produzido em Portugal, fazendo circular o dinheiro dentro do país, de forma a equilibrar a balança comercial, diminuindo o défice orçamental, criar o projecto “Estudar e melhorar para combater a dívida”, onde cada aluno compraria, imbolicamente, uma parcela da dívida nacional através da obtenção de bons resultados escolares e ainda promover incentivos à utilização das energias renováveis no consumo de energia elétrica, a fi m de diminuir a dependência dos combustíveis fósseis, reduzir a importação de combustíveis e criar mais postos de trabalho nesta área.
Quantos alunos irão dos Açores a Lisboa?
Vão 8 alunos de 4 escolas: 2 da Escola Secundária Antero de Quental, 2 da EB 2,3/S Bento Rodrigues, de Santa Maria, 2 da Escola Secundária da Lagoa e 2 da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, da Terceira.Para além da profi ssão que pretendes seguir, gostavas de ser político?
Sim, porque é uma ocupação que me cativaporque teria a oportunidade de intervir na defi nição do futuro da nossa sociedade.
Da crise que o país atravessa, que visão tem sobre este assunto? O que acha que deveria ser feito para que Portugal e os Açores a conseguissem ultrapassar?
Acho que estamos numa situação bastante difícil e é preciso a compreensão e a solidariedade de todos, porque nem tudo é responsabilidade do estado. Acho que os portugueses têm um papel a desempenhar na sociedade e muitos têm-se esquecido disso. Julgo, no entanto, que as medidas que têm sido tomadas
por este governo da República, de aumento de impostos, de diminuição dos ordenados e dos benefícios
sociais, têm sido exageradas, o que penaliza brutalmente os portugueses por uma situação que basicamente não é da responsabilidade deles. O governo da República devia pedir mais tempo para pagar os empréstimos, negociar outras condições e prazos, para que pudesse também aliviar as famílias portuguesas, baixando impostos e repondo os subsídios que retiraram, por exemplo. Para além disso, acho que os Açores não devem ser penalizados pelo governo da República, que quer reduzir as transferências para a Região e fazer com que se aumentem impostos cá. Acho que este governo da República está a tentar passar responsabilidades para os Açores, em áreas que os Açores não a tem.
Entrevista conduzida por Ana Coelho para o "Atlântico Expresso"
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