INCONGRUÊNCIAS
Quando
a seguir ao 11 de Março de 1975 pela batuta de Vasco Gonçalves e do PCP se
desencadeou a febre das nacionalizações, muito boa e crédula gente encetou uma
fuga do país, das suas responsabilidades, do seu amor-próprio, temendo que os “comunas”
lhes ocupassem as casas, roubassem os barcos, as quintas, o dinheiro e o poder.
Os
comunistas e os grupos radicais de esquerda que afirmavam entre outras coisas “não
serem necessários armadores para apanhar peixe”, representavam o perigo e a ameaça
de destruição do país e do conceito de propriedade privada.
Os
anos passaram. Muitas Fontes Luminosas depois o Bem venceu o Mal. Os comunistas
não passaram. Os senhores do capital reconstruiram o seu poder. A pulso. A
pouco e pouco. Quem era rico mais rico se tornou. O “povaréu” foi colocado no
lugar que efectivamente lhe era próprio. Os comunistas reduzidos à sua
insignificância. Os grupos de esquerda e de extrema esquerda tiveram de juntar
todos para poderem representar alguma coisa, mas entretanto comeram-se uns aos
outros como se estivessem isolados nos Alpes.
Como
corolário de tudo isto os ricos e os muito ricos já sem pobres para se servirem
no seu banquete, espremidos que estavam até ao tutano, começaram a alimentarem-se
uns dos outros.
Caiem
os países e afundam-se finanças. A Banca auto-destrói-se. Caiem poderosos na Europa
e na América. Aqui na terra da pedinchice cai o BPN, o BPP, o BCP e agora o
BES.
Afinal
não foram os comunistas que destruíram o país e o poder económico. Foram os
senhores do capital que sofregamente engolem tudo. Até tudo destruírem. A banca
destrói-se a si própria com o apoio dos silvas deste mundo e seus apaniguados.
Não
foi o 11 de Março que derrotou Portugal. Foi o 25 de Novembro.
1 comentário:
Uma chapelada, Zé Maria.
Acrescentaria apenas que o capital destruiu o país, porque somos muito dados às "obediências" de muita ordem. A Santa Inquisição e, mais recentemente, Fátima e o sectarismo político tornaram-nos "Familiares" do obscurantismo e da intolerância em relação aos que pensam de forma diferente. "Quem não pensa como eu é meu inimigo" têm-nos ensinado ao longo dos tempos. E temos ido na cantiga.
Um abraço, Zé.
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