quarta-feira, julho 16, 2014


INCONGRUÊNCIAS

Quando a seguir ao 11 de Março de 1975 pela batuta de Vasco Gonçalves e do PCP se desencadeou a febre das nacionalizações, muito boa e crédula gente encetou uma fuga do país, das suas responsabilidades, do seu amor-próprio, temendo que os “comunas” lhes ocupassem as casas, roubassem os barcos, as quintas, o dinheiro e o poder.

Os comunistas e os grupos radicais de esquerda que afirmavam entre outras coisas “não serem necessários armadores para apanhar peixe”, representavam o perigo e a ameaça de destruição do país e do conceito de propriedade privada.

Os anos passaram. Muitas Fontes Luminosas depois o Bem venceu o Mal. Os comunistas não passaram. Os senhores do capital reconstruiram o seu poder. A pulso. A pouco e pouco. Quem era rico mais rico se tornou. O “povaréu” foi colocado no lugar que efectivamente lhe era próprio. Os comunistas reduzidos à sua insignificância. Os grupos de esquerda e de extrema esquerda tiveram de juntar todos para poderem representar alguma coisa, mas entretanto comeram-se uns aos outros como se estivessem isolados nos Alpes.

Como corolário de tudo isto os ricos e os muito ricos já sem pobres para se servirem no seu banquete, espremidos que estavam até ao tutano, começaram a alimentarem-se uns dos outros.

Caiem os países e afundam-se finanças. A Banca auto-destrói-se. Caiem poderosos na Europa e na América. Aqui na terra da pedinchice cai o BPN, o BPP, o BCP e agora o BES.

Afinal não foram os comunistas que destruíram o país e o poder económico. Foram os senhores do capital que sofregamente engolem tudo. Até tudo destruírem. A banca destrói-se a si própria com o apoio dos silvas deste mundo e seus apaniguados.

Não foi o 11 de Março que derrotou Portugal. Foi o 25 de Novembro.   

   

1 comentário:

Farelhão disse...

Uma chapelada, Zé Maria.
Acrescentaria apenas que o capital destruiu o país, porque somos muito dados às "obediências" de muita ordem. A Santa Inquisição e, mais recentemente, Fátima e o sectarismo político tornaram-nos "Familiares" do obscurantismo e da intolerância em relação aos que pensam de forma diferente. "Quem não pensa como eu é meu inimigo" têm-nos ensinado ao longo dos tempos. E temos ido na cantiga.
Um abraço, Zé.