sexta-feira, julho 25, 2014

O COVIL DOS HORRORES
Não sei se já vos aconteceu entrarem num local e o 1º impacto ser o de estarem a ser banhados por uma corrente de ar gélida e mortífera. Assim sente uma criança quando entra pela primeira vez numa sala de exames. Ou quando é chamado ao Director no colégio ou na escola. O adolescente virgem e tímido que consegue obter as suas primícias com a namorada no quarto dela. Ou mais tarde quando vai prestar prova de condução.
Os joelhos tremem e a força que fazemos para que não se note conduz a dores musculares que demorarão dias a passar. O local em que temos de entrar mas que nos imobiliza de pavor é como a primeira vez que somos presos e vemos “autoridade” a mais e humanidade a menos. Os nossos conhecimentos anteriores fazem vermos instrumentos de tortura onde está mobiliário e carrascos e torcionários onde estão pessoas como nós.
Esta é também a sensação quando entramos pela primeira vez na sede dum clube de futebol, onde quem não nos conhece nos fuzila por temer que façamos parte do adversário de ontem, culpado de tudo quanto é mau.

E é também a sensação de quem entra despido de preconceitos na sede de um Partido Político. Aqui somos sempre o adversário e na maioria das vezes o inimigo. Porque não somos tão antigos como os que nos antecederam somos “corpos estranhos”. Porque somos do Partido mas pertencemos à facção adversária somos abcessos para sermos extirpados. E quanto mais nos afastamos dos grandes meios e melhor nos conhecem mais nos tornamos alvo de uma grande censura persecutória por vezes com aproximação a formas de pressão psicológica digna dos melhores métodos de Hermann Goring ou de Silva Pais.
Vem isto a propósito da violência psicológica que representa para um simpatizante do PS participar na escolha do candidato a 1º Ministro. O inteligentíssimo Seguro sabia disto ao optar pelo regulamento de votação que fez aprovar para as directas. O Costa também sabia mas não teve força para evitar esta e outras rocambolescas formas condicionadoras do voto popular.
Subir a escada da sede de um partido político para ir votar nas directas é denunciador daquilo a que se vai. Quer-se mudar aquele partido em que ainda se revê para que tudo não fique na mesma. Ora só se inscreverão os que querem a mudança. E porque toda a gente percebe isso, é claro que os que entrarem nas sedes do partido para votarem serão opositores ao status em vigor. Isso torna-os credores de um olhar intenso e nem sempre pelos melhores motivos. Não será fácil estar disponível para isto. Para casa dos horrores já basta o país em que vivemos.  

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