1ª Edição – Editora Ulisseia, Lisboa, 1958, Capa Sebastião Rodrigues

Local do romance a região de Peniche. Tenho para mim que a aldeia de S. Romão não é mais do que S. Bernardino. Paira no ar um certo ar de uma esquerda intelectualizada ou bem na vida. João, industrial e proprietário de terras com cerca de 40 anos, que vem de Talbot Lago carro potente a dar nas vistas com a sua última aventura, Guida Sampaio, professora do liceu de 23 anos.
Ele vem praticar caça submarina e recarregar baterias da vida agitada de Lisboa. Cruzam-se com o miúdo que vende rendas de bilros e com o velho que apanha pequenas aves nas falésias. Estes e os aldeões fazem-nos pensar se as suas verdades serão assim tão intactas como pensam.
Seria interessante retomar este romance onde Cardoso Pires o deixou. Fazer uma comemoração dos 50 anos da sua publicação e aproveitar para pensar no Peniche que éramos em 58 e no Peniche que hoje somos. Que gente fomos e em que gente nos tornámos. A comemoração dos 50 anos de publicação do “Anjo Ancorado” para a qual seria interessante convidar alguns escritores e críticos literários, poderia dar à Câmara Municipal de Peniche uma visibilidade no mundo das letras que nem sempre é possível conquistar.

Porque não nos interrogamos sobre a terra que fomos e onde é que intelectualmente podemos ainda chegar. Valerá a pena?