sexta-feira, março 14, 2008

A “CAGANÇA”
Com a camisa de fora das calças e óculos de sol na cabeça eles, de mini-saia ou top elas, uns e outros a viverem uma juventude há muito perdida.
Adeptos de “rolinhas”, bares de alterne, do Tóni Carreira ou da revista que mais fale da vida alheia. Eles e elas têm um prazer em comum, o baile das viúvas.
O supra sumo para elas é juntarem-se em magotes e fazerem jantaradas de mulheres nas alturas próprias, dizendo em voz alta: - É o nosso dia! Maridos e filhos que se safem sozinhos.
Eles adoram os lanches ajantarados, jogar ao “shépe”, agarrar no carro para ir à Nazaré ou ver o Sporting. O Peniche já não é moda.
Poucos se recordam de ter vivido no Carreiro ou nas casas da Macedónia. Algumas vezes porque a terra é pequena e não se pode esconder tudo, afirmam que nasceram e foram criadas num “condomínio fechado”, como se o Bairro do Fialho tivesse culpa do que lhe querem chamar.
Usaram boina branca no tempo da “tinha” e frequentaram a Escola do Filtro por causa da Tracoma. Hoje recusam recordar-se e alguns e algumas, porque é moda, terminam por vezes as conversas afirmando: - O Salazar é que faz falta!
Mas lá “cagança” têm os novos-ricos. Ou os que tal se julgam. E estes últimos ainda são os piores. Enchem as Pastelarias, comem pão com linguiça, fazem caminhadas e, com isto tudo, borrifam-se para a comunidade desde que não sejam incomodados nos seus “pequeninos privilégios”.

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