A CARTA
Junto ao corpo de um suicida a polícia encontrou a seguinte carta:
“A quem possa interessar:
Não culpem ninguém pela minha morte, Deixo esta vida hoje porque um dia mais e eu acabaria completamente doido. Tudo isso porque tendo enviuvado eu tornei a casar com uma viúva que também tinha uma filha. (Soubesse eu o que sei hoje e teria ficado viúvo até ao fim dos meus dias).
Meu pai, para minha maior desgraça, também era viúvo, enamorou-se, e casou com a filha da minha mulher. Resultou daqui que a minha mulher se tornou sogra do seu sogro, minha enteada ficou sendo minha mãe, meu pai era ao mesmo tempo meu genro.
E ao fim de algum tempo a minha filha trouxe ao mundo um menino, que veio a ser meu irmão.
Com o decorrer do tempo a minha mulher também deu à luz um menino que, como irmão da minha mãe, era cunhado de meu pai e tio do seu filho, passando a minha mulher a ser nora da sua própria filha.
Eu fiquei sendo pai da minha mãe, tornando-me irmão do meu pai. Minha mulher ficou sendo minha avó, já que é mãe da minha mãe e assim, acabei de ser avô de mim mesmo.”
João Manuel
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