quarta-feira, março 19, 2008

19 de MARÇO
Dia de S. José - Meu Patrono
Dia do Pai - A minha mesma homenagem de sempreDia deste poema que vos ofereço

A PEDRA NEGRA (excerto)

E fico, absorto e triste, a ouvir o vento
Gritar os seus remorsos,
Nesta soturna casa onde nasci,
Onde fui dado à sombra, e não há luz,
Porque nascer, meu Deus, é já morrer,
O berço é já sepulcro.

E fico absorto e triste. Vejo o lume
Que se extingue, por fim. As chamas débeis
Rastejam sobre o tronco requeimado,
Quais asas debatendo-se na morte…
Embranqueceram de frio as brasas rubras
Que o sopro dum fantasma ocultamente
Parece reavivar…
… … …
Que multidão no espaço do meu lar!
Que multidão enorme e que deserto!
Ó sempiterna ausência de meu pai!
Que frio e que tristeza, neste grande
Enegrecido lar desconfortável,
Como esta velha casa de abandono,
Sempre aberta ao luar das horas mortas,
Ao silêncio da noite, aos ermos ventos,
E às sombras outonais… Ó minha casa
Sepultada num lívido crepúsculo
Que são vagos fantasmas confundidos
Na mesma nódoa escura… E nele pairam
Ermas vozes que eu ouço e ninguém ouve,
Aparições que eu vejo e mais ninguém,
Visões que só meus olhos incendeiam
E neles deixam rastos espectrais
E lágrimas de dor…

Teixeira de Pascoais

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