segunda-feira, março 31, 2008

O ANJO ANCORADO
1ª Edição – Editora Ulisseia, Lisboa, 1958, Capa Sebastião RodriguesFaz agora 50 anos (Junho) que José Cardoso Pires publicou “O Anjo Ancorado”. Romance que relata o encontro de gente ansiosa por um Portugal mais moderno e mais cosmopolita, mas que se sente bem no país real, com gente simples e sem as subtilezas das grandes metrópoles.
Local do romance a região de Peniche. Tenho para mim que a aldeia de S. Romão não é mais do que S. Bernardino. Paira no ar um certo ar de uma esquerda intelectualizada ou bem na vida. João, industrial e proprietário de terras com cerca de 40 anos, que vem de Talbot Lago carro potente a dar nas vistas com a sua última aventura, Guida Sampaio, professora do liceu de 23 anos.
Ele vem praticar caça submarina e recarregar baterias da vida agitada de Lisboa. Cruzam-se com o miúdo que vende rendas de bilros e com o velho que apanha pequenas aves nas falésias. Estes e os aldeões fazem-nos pensar se as suas verdades serão assim tão intactas como pensam.
Seria interessante retomar este romance onde Cardoso Pires o deixou. Fazer uma comemoração dos 50 anos da sua publicação e aproveitar para pensar no Peniche que éramos em 58 e no Peniche que hoje somos. Que gente fomos e em que gente nos tornámos. A comemoração dos 50 anos de publicação do “Anjo Ancorado” para a qual seria interessante convidar alguns escritores e críticos literários, poderia dar à Câmara Municipal de Peniche uma visibilidade no mundo das letras que nem sempre é possível conquistar.José Cardoso Pires em Peniche escreve este seu Romance, (assim define ele próprio este seu livro), Ruy Bello escreve alguns dos seus mais belos poemas aqui. Amália canta Peniche.
Porque não nos interrogamos sobre a terra que fomos e onde é que intelectualmente podemos ainda chegar. Valerá a pena?

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