terça-feira, março 03, 2009

JOÃO BERNARDO VIEIRA (NINO) As fotos têm 33 anos. Pertencem ao meu espólio pessoal e foram tiradas numa celebração a que assisti quando era Cooperante na República da Guiné-Bissau.
Pessoalmente conheci-o no Hotel Pidjiguiti, onde me alojava. Nino era então ou 1º Ministro ou Chefe de Estado-Maior da Forças Armadas, já não me recordo bem.
Ele frequentava aquele espaço por ter uma relação extra-conjugal com a Directora do Hotel, uma meia-irmã de Luís e Amílcar Cabral.
Já nessa altura corriam rumores sobre a sua complexidade de que não se livrou até à morte. Foi uma figura incontornável da República da Guiné-Bissau, por ser um Herói da Luta de Libertação, o guerrilheiro que em 1973 proclamou a independência em Madina de Boé, o militar que depôs pela força das armas o 1º Presidente da Guiné, o coveiro da Unidade do PAIGC entre Guiné e Cabo Verde e a partir daí esteve sempre ligado claramente à deterioração daquele país, tornando-o o mais miserável no concerto das Nações. A certa altura existem mesmo referências sobre o seu envolvimento no assassinato de Amílcar Cabral e foi o executor de uns quantos inimigos políticos a quem nunca os perdoou por isso, não os poupando ao fuzilamento ou a mortes ainda mais desonrosas.
A sua morte não levanta qualquer clamor de protesto entre o seu povo, mesmo aqueles que o elegeram. Pelo contrário. O que sobre isso se afirma é que o país está calmo, a esposa pediu asilo político a Portugal que lhe foi concedido e que se vai eleger um novo Presidente. Ninguém o chora. Ninguém lamenta o seu assassinato a não ser com algumas palavras de circunstância vindas de fora.
Ninguém sabe quem o matou e ninguém parece interessado em procurar os seus assassinos. Tudo está bem, quando acaba em bem.
Ninguém merece ser morto desta forma. Mas dureza deste texto o que pretende transmitir é a dúvida sobre o caminho que a humanidade trilha em busca dos seus mais baixos interesses.
E não me venham com histórias de que os portugueses saíram da Guiné e tudo se estragou. Que legado é que transmitimos em 400 anos de ocupação? E quem somos nós para dar “abébias” sobre alguém ou algum povo, se ainda hoje como país e com 900 anos de história somos na Europa o mais miserável dos miseráveis países…

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