Quando eu era pequenino, contava-me a minha mãe, passei com 5 dias no velho hospital de Peniche no Largo 5 de Outubro, com uma daquelas dores de ouvidos, que exigiam um tratamento continuado, para impedir que males maiores me acontecessem. Dizia-me a minha mãe que era impressionante ver o meu comportamento face às dores que me assolavam.
Tudo passou. O tempo cura quase todas as feridas e quase todas as dores.
Com a juventude já estavam aquelas esquecidas, surgiram-me as dores de dentes. Um autêntico calvário. A resolução deste drama demorou uns anos e uns milhares de escudos.

Estava tudo isto esquecido surge-me um cancro no pulmão e a extracção deste. As sequelas deste acto operatório foram difíceis de imaginar a quem não passa por elas. Dores hediondas. Lancinantes. Que só passaram com analgésicos poderosos. Um tempo de autêntico martírio.
Mas hoje está de novo tudo esquecido. Nenhuma dor me resta, nem nenhum trauma me ficou desses momentos apavorantes. Excepto quando muda o tempo. Ou quando há nevoeiro.

A “dor de cotovelo/corno” ataca preferencialmente os que não estão preparados para lidar com o êxito dos outros. Corrói os que desejam o poder a todo o custo. Bestializa os que não suportam ver que há os que triunfam onde eles não passam de meros sujeitinhos. É uma dor característica dos que não sabem perder e tentam ganhar na secretaria o que perdem no terreno. Alguns reformam-se por causa dessas dores. A outros dá-lhes “coisinhas más”. Estas dores dão quando se inicia o princípio do fim.
Não tem cura. Quando se apanha, fica para toda a vida.
Sem comentários:
Enviar um comentário